Mostra de clássicos na Cinemateca Brasileira acompanha curso de cinema do professor da ECA/USP, Carlos Augusto Calil

Aitaré da Praia, de Gentil Roiz (1926)

Retomando as atividades de formação de público, a Cinemateca Brasileira realiza em março uma Mostra de Filmes relacionada ao curso Introdução ao cinema brasileiro: das origens aos anos 1950, ministrado por Carlos Augusto Calil, professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA/USP.  O panorama da evolução do cinema brasileiro desde os seus primórdios até a irrupção do cinema moderno, poderá ser visto em mais de vinte filmes que marcaram a história do cinema brasileiro na primeira metade do século XX.  Os primeiros cinco títulos serão exibidos de sexta à domingo (17 a 19 de março), conforme programação a seguir. Outros longas, entre os quais, Limite, Ganga Bruta, Sinhá Moça, Presença de Anita, Candinho, Carnaval Atlântida, Nem Sansão, Nem Dalila, serão apresentados na semana seguinte.

PROGRAMAÇÃO DE FILMES

Sexta-feira, 17 de março, Sala Grande Otelo
19h15: AITARÉ DA PRAIA
Brasil (PE), 1926, 62 min, 35mm, p&b, 12 anos
Direção: Gentil Roiz
Elenco: Ary Severo, Almery Steves, Rilda Fernandes, Antonio Campos, Jota Soares, Cláudio José, Mario Freitas Cardoso
Sinopse: O pescador Aitaré namora Cora, moça inocente de uma pequena aldeia. Por causa de intrigas, Cora e Aitaré se desentendem. Somente cinco anos mais tarde, tudo será esclarecido e eles se reconciliarão.
Comentários: Terceiro longa-metragem produzido pela Aurora Filme, surgiu de críticas de colunistas dos jornais locais com relação à temática abordada nos filmes dessa época, com forte influência do cinema americano. Aitaré da praia nasceu da ideia de explorar assuntos regionais – nesse caso, a vida dos jangadeiros.

Sábado, 18 de março, Sala Grande Otelo
17h: EXEMPLO REGENERADOR
Brasil (SP), 1919, 7 min, digital, p&b, 12 anos
Direção: José Medina
Elenco: Lucia Laes, Waldemar Moreno, José Guedes de Castro, Carlos Ferreira
Sinopse: Um marido farrista deixa a esposa sozinha em casa no dia do aniversário de casamento. O mordomo, condoído com a tristeza da esposa, sugere um plano para ajudá-la a reconquistar o marido, que aprende uma valiosa lição. A estratégia para trazê-lo de volta ao lar é simular um adultério.
Comentários: Um dos poucos filmes do realizador José Medina que sobreviveram ao tempo, o curta é uma pequena comédia erótica, que satiriza os costumes mundanos do homem de elite. As filmagens foram realizadas na Avenida Paulista, em frente ao Trianon e Parque Siqueira Campos.

A FILHA DO ADVOGADO
Direção: Jota Soares
Elenco: Euclides Jardim, Guiomar Teixeira, Jota Soares, Noberto Teixeira, Ferreira Castro, Jasmelina Oliveira, Luiz Marques, Oliria Salgado, Adelita Monteiro, Pedro Neves, Valderez de Souza., Zacarias de Souza, Olegário Azevedo, Antônio Carvalho, Pedro Salgado, Demétrio Áge, Mário Lim
Sinopse: Helvécio é filho do Dr. Paulo, um famoso advogado, e leva uma vida boêmia. Dr. Paulo tem uma amante e uma filha desse relacionamento, Heloísa. Helvécio a conhece e, desconhecendo o parentesco, tenta seduzi-la a força. A partir daí, a vida de Heloísa começa a degringolar.
Comentários: Baseado na novela homônima do poeta Costa Monteiro, o filme faz parte do ciclo cinematográfico ocorrido no Recife na segunda metade da década de 1920.
Brasil (PE), 1926, 88 min, 35mm, p&b, livre

Domingo, 19 de março, Sala Grande Otelo
16h: FRAGMENTOS DA VIDA
Brasil (SP), 1929, 30 min, 35mm, p&b, livre
Direção: José Medina
Elenco: Carlos Ferreira, Alfredo Roussy, Áurea de Aremar, Medina Filho
Sinopse: Na construção de uma São Paulo moderna, um trabalhador cai de um andaime e à beira da morte pede para o filho trilhar o caminho da honestidade, do trabalho e da honradez. O filho, porém, prefere tornar-se um vagabundo. Por causa da dureza de sua realidade, e em busca do conforto da vida na prisão, ele faz de tudo para ser preso.
Comentários: Adaptação livre de um conto do escritor americano O. Henry, o filme mostra a aspiração progressista da cidade de São Paulo e os dilemas morais enfrentados pelas classes mais pobres.

BRASA DORMIDA
Brasil (MG), 1928, 65 min, 35mm, p&b, 12 anos
Direção: Humberto Mauro
Elenco: Nita Ney, Luis Soroa, Máximo Serrano, Pedro Fantol, Cortes Real, Paschoal Ciodaro, Haroldo Mauro, Juca de Godoy
Sinopse: Luis é um malandro carioca. Em busca de trabalho, é contratado como gerente de uma usina. Ele substituirá um funcionário do lugar, o vilanesco Pedro Bento, que não aceita a demissão. Ao conhecer a filha do industrial, Anita, Luis se apaixona. Mas Pedro Bento fará de tudo para prejudicar esse romance.
Comentários: Um marco do cinema silencioso brasileiro, faz parte do clico de filmes de Cataguases (MG) nos anos 1920. O filme se destaca pela forte presença da cidade e dos hábitos de sua população, bem como por sua minuciosa construção dramática, que fez de Humberto Mauro um dos maiores nomes do cinema brasileiro no início do século.

Cinemateca Brasileira

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana
Horário de funcionamento
Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h
Salas de cinema: conforme a grade de programação.
Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados
Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
Sala Oscarito (104 lugares)
Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão

CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

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