Aly Muritiba: Para Minha Amada Morta

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Por Danielle de Noronha

Na última quinta-feira, dia 31 de março, estreou o filme “Para Minha Amada Morta”, primeiro longa-metragem de Aly Muritiba, que conta com fotografia de Pablo Baião e direção de arte de Monica Palazzo.

O filme foi destaque no Festival de Brasília 2015, levando os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem, além de Melhor Atriz Coadjuvante (Giuly Biancato), Melhor Ator Coadjuvante (Lourinelson Vladimir) e Prêmio Abraccine.

O longa conta a história do fotógrafo Fernando, que após a perda de sua esposa Ana se tornou um homem quieto e introspectivo que cuida de seu filho Daniel. Toda noite, enquanto o garoto dorme, ele relembra de sua esposa organizando seus pertences pessoais. Certo dia, Fernando descobre uma fita que muda sua vida e coloca em dúvida o amor que Ana tinha por ele. O diretor Aly Muritiba conta um pouco sobre o projeto:

Como nasceu a ideia do filme “Para Minha Amada Morta”? Quais são os principais temas que ele propõe discutir?

Eu gostaria de fazer um filme sobre projeção e idealização, sobre a criação da imagem que fazemos de alguém e que nos faz amar esta pessoa. No fim das contas todo o argumento do filme parte deste ponto: quem é a pessoa que amamos? É possível conhecê-la ou apenas fazer uma ideia do que ela seja a partir de fragmentos de informações que juntas formam uma projeção, uma imagem, que aprendemos a amar.

A partir daí criei esta trama sobre um sujeito que ama e idealiza profundamente uma mulher, cuja imagem é confrontada por um registro numa fita VHS. Esta escolha, aliás, que tem tudo a ver com o tema central. O VHS como suporte de fixação de memória, mas uma memória, que pode ser substituída, sem necessariamente precisarmos destruir o suporte.

Qual foi o processo para a escolha dos atores e da equipe do filme?

Com raras exceções, eu nunca faço teste de elenco. Então neste filme eu praticamente convidei atores e atrizes com quem eu desejava trabalhar para uma conversa e, a partir deste papo, os convidei para o filme. A exceção foi o Lourinelson Vladimir, que faz o Salvador no filme. Este foi o único personagem que eu efetivamente testei muita gente até encontrar o ator. Na equipe não foi muito diferente. A maior parte da equipe do filme já havia feito curtas comigo, os que vieram de fora, como o fotografo Pablo Baião e diretora de arte Monica Palazzo, foram convidados pela admiração que eu nutria por seus trabalhos.

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De que maneira funcionou o diálogo com o diretor de fotografia e com a diretora de arte? Onde buscaram inspiração?

Primero é importante dizer que eles, além de grandes técnicos, são artistas e profundos conhecedores de história da arte, além de cinéfilos. Então nossas conversas eram mais acerca de intenções, atmosferas, matizes psicológicas e sentimentos desejados, que lentes, câmera, ou cor. Todas estas questões forma tratadas, claro, mas posteriormente.

Exemplifico apenas para mostrar com uma ideia tornou-se algo concreto no filme num dado momento eu falei com Baião (fotografo) e Palazzo (arte) que o Fernando, o protagonista do filme, era um homem fragmentado, rachado e ao mesmo tempo preso em sua obsessão de morte. A partir daí vieram Edward Hooper, que nos deu uma certa noção de uso da luz e enquadramento, e daí vieram os espelhos quebrados, os vidros sujos e opacos como anteparos entre o sujeito e o mundo, etc. Falávamos também do processo de formação do estado do Paraná, onde o filme é ambientado. E daí vieram os filmes poloneses e ucranianos que víamos em nosso cineclube a noite e que nos trouxe a cor do filme.

Como foi o workflow de pós e sua participação nele?

Fizemos todo o som aqui em Curitiba, na Off Beat, com o Alexandre Rogoski, que é o cara que fez todos os meus filmes até hoje. Posteriormente fomos até São Paulo apenas para fechar a mixagem. No tocante à cor, fizemos algo parecido: primeiro demos uma bela trabalhada aqui em Curitiba, na Grafo, minha empresa, e depois partimos para O2 para finalizar o processo.

Eu participei ativamente de todo o processo de pós, desde o primeiro corte, até a última respiração sonora nos créditos finais.

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Qual a sua expectativa para a estreia do filme?

Ótimas. Sempre. Sou um otimista por natureza, então acho que o filme fará milhares de expectadores, mesmo com poucas cópias acredito que o filme possa ficar um bom tempo em cartaz e, aos poucos, ir conquistando o público.

Ficha técnica
Direção: Aly Muritiba
Roteiro: Aly Muritiba
Produção: Aly Muritiba
Fotografia: Pablo Baião
Arte: Monica Palazzo
Montador: João Menna Barreto
Elenco: Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladimir
Fotos: Rosano Mauro Jr.
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