Cinemateca do MAM-RJ faz retrospectiva online dedicada à cineasta Julia De Simone

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Cena do filme “Praia Formosa” (2024), de Julia De Simone. Foto: Paula Huven

De 26 de novembro a 9 de dezembro, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) apresenta uma retrospectiva dedicada à cineasta carioca Julia De Simone, oferecendo ao público um panorama completo da trajetória da diretora. A retrospectiva antecede o lançamento de seu primeiro longa-metragem de ficção, “Praia Formosa” (Brasil/Portugal, 2024), que estreia comercialmente no país nesta quinta-feira (28). O filme estreou no Festival de Rotterdam, na Holanda, e no Festival Internacional de Films de Femmes, na França.

As produções assinadas por Julia De Simone serão exibidas de forma online, gratuita e para todo o Brasil no site da Cinemateca do MAM-RJ. Para complementar a programação, a retrospectiva promove duas lives com a diretora e convidados, que serão transmitidas nos canais do YouTube da Cinemateca do MAM-RJ e da Olhar Filmes.

Em sua carreira, a cineasta já retratou as transformações e os conflitos da área portuária do Rio. A retrospectiva, portanto, reúne filmes como “O Porto e Rapacidade” (2023), que, da mesma forma que “Praia Formosa”, aborda o histórico porto carioca. A mostra inclui, ainda, o curta inédito “O Fim da Noite”, realizado em codireção com Ricardo Pretti.

“Praia Formosa” narra a jornada de Muanza, uma mulher oriunda do Reino do Congo, traficada para o Brasil no século XIX, que desperta nos dias atuais no Rio de Janeiro. Ao se deparar com uma cidade onde passado e presente colidem, Muanza embarca em uma busca profunda por suas origens e pela compreensão de sua própria história. A trama, que vai além do Rio como produto turístico, entrelaça a história da cidade e escancara suas feridas e contradições.

O elenco do filme traz nomes como Maria D’Aires, Samira Carvalho e Mãe Celina de Xangô, gestora do Centro Cultural Pequena África e ativista da preservação do Cais do Valongo. Já a atriz portuguesa Lucília Raimundo dá vida à protagonista. A diversidade linguística do filme, falado em português e nas línguas kikongo e kimbundo, também reflete a pluralidade de vozes e reforça a complexidade das influências coloniais e culturais que moldam o Rio e o Brasil.

Além disso, o longa de Julia de Simone trata da “Pequena África”, um local de resistência e irmandade, frequentemente invisibilizado, trazendo à tona a luta contra apagamentos históricos e urbanos. “É uma história sobre amizade e afeto que transcende o tempo”, destaca a diretora.

Cineasta e produtora dedicada ao audiovisual desde 2003, Julia De Simone também é mestre em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF) e graduada em Documentário de Criação pelo Observatório de Cine, em Barcelona, Espanha.

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