Mostra sobre Jean-Claude Bernardet vai até 22 de setembro no CCBB de SP e do RJ

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Cena de “A Destruição de Bernardet” (2016), que transita entre ficção e documentário, com direção de Claudia Priscilla e Pedro Marques. Foto: CCBB/Divulgação

A Mostra “Bernardet e o cinema”, em homenagem ao crítico belga naturalizado brasileiro Jean-Claude Bernardet, segue até o dia 22 de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo e do Rio de Janeiro. A programação é gratuita, vai de quinta a domingo, e inclui exibições de 20 longas e curtas que Bernardet – um dos maiores nomes da história do cinema brasileiro – dirigiu, roteirizou ou atuou.

No CCBB-SP, nesta sexta-feira (6/9), às 18 horas, será apresentado “Filmefobia” (2008), de Kiko Goifman. A projeção incluirá audiodescrição e legenda descritiva. No sábado (7), às 16h30, serão exibidos o documentário “Crítica em Movimento” (2004), de Kiko Molica, e o curta “A Última Valsa” (2024), de Fábio Rogério. Para fechar o dia, serão projetados, às 18h, “Um Céu de Estrelas” (1996), de Tata Amaral, com roteiro de Bernardet; e o curta “Agreste” (2018), de Dellani Lima.

Ainda na capital paulista, no domingo (8), às 16 horas, haverá a exibição do longa “Fome” (2015), de Cristiano Burlan, com Bernardet no elenco. Após a projeção do filme, que estreou no 48º Festival de Cinema Brasileiro de Brasília, será exibida uma entrevista que o homenageado concedeu à jornalista Andréa Cals, hoje curadora da mostra do CCBB, ao Canal Curta!.

A mostra inclui importantes produções do cinema brasileiro e explora a vasta trajetória artística de Bernardet, desde a década de 1960 até 2024. Segundo a curadora Andréa Cals, é fundamental dedicar uma mostra de filmes a Jean-Claude Bernardet. “É importante fazer esse reconhecimento, celebrar sua vida, inteligência e produtividade. Aos 88 anos, ele continua ativo, atuando, escrevendo, refletindo, e isso é lindo. E é também uma excelente oportunidade para as novas gerações terem contato com suas obras”, destaca.

Confira a programação completa da mostra no CCBB-SP e no CCBB-RJ.

Ingressos: Gratuitos, disponíveis em bb.com.br/cultura ou na bilheteria dos CCBBs, a partir das 9h de cada quinta-feira.
Endereço CCBB-SP: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico.
Endereço CCBB-RJ: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.

SESC DIGITAL

Além da mostra em exibição no CCBB, quatro filmes dirigidos por Bernardet ou feitos em parceria com ele estão disponíveis, gratuitamente, na plataforma Sesc Digital: “São Paulo: Sinfonia e Cacofonia” (1994, 40 min), “#eagoraoque” (2020, 70 min), “A Última Valsa” (2024, 6 min) e “Cama Vazia” (2020, 6 min).

SOBRE BERNARDET

Jean-Claude Bernardet é um nome fundamental do cinema brasileiro. Nascido na Bélgica, de família francesa, viveu em Paris até 1948. Aos 13 anos, em 1949, chegou ao Brasil e fixou-se em São Paulo, onde passou a frequentar a Cinemateca Brasileira e onde conheceu o crítico e professor Paulo Emílio Salles Gomes. Na década de 1950, começou a escrever para o “Suplemento Literário” do jornal O Estado de Paulo. Colaborou também em outros jornais e revistas.

Em 1965, já naturalizado brasileiro, começou a lecionar no curso de Cinema da Universidade de Brasília, a convite de Salles Gomes, onde permaneceu até 1968, ano em que 80% dos professores da universidade deixaram o quadro docente, em resposta à repressão da ditadura militar. Transferiu-se para a Universidade de São Paulo (USP) e foi cassado pelo AI-5 (Ato Institucional nº 5), de dezembro de 1968, sendo proibido de lecionar em universidades públicas. Até 1979, ministrou cursos de cinema no Instituto Goethe. Bernardet retornou ao quadro da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP em 1980, onde permaneceu até se aposentar, em 2004, como professor emérito.

É autor de uma vasta obra, com 25 livros publicados, muitos deles referenciais para o estudo, a pesquisa e a reflexão sobre cinema, além de ficções. São dele títulos como “Brasil em tempo de cinema” (1967), “Trajetória crítica” (1978), “O que é cinema” (1980), “Piranha no mar de rosas” (1982), “Cineastas e imagens do povo” (1985 e 2004), “Aquele rapaz” (ficção e memória, 1990), “Voo dos anjos: estudo sobre o processo de criação na obra de Bressane e Sganzerla” (1990), “O autor no cinema” (1994), “Historiografia clássica do cinema brasileiro” (1995), “A doença, uma experiência” (ficção, 1996) e “Caminhos de Kiarostami” (2004). Divide também a autoria de obras com nomes como José Carlos Avellar, Miguel Borges, Maria Rita Galvão e Ismail Xavier, entre outros. Lançou, ainda, “Guerra camponesa do Contestado” (1979), obra de análise política e histórica.

No cinema, atuou como roteirista e corroteirista de uma dezena de filmes, com destaque para títulos como “O caso dos irmãos Naves” (1967), de Luiz Sergio Person;“Um céu de estrelas” (1996) e “Através da janela” (2000), de Tata Amaral. Além disso, dirigiu vários documentários. Bernardet também dedica-se à carreira de ator, tendo participado de mais de dez filmes, entre eles “Disseram que Voltei Americanizada” (1995), de Vitor Angelo, e “Disaster Movie” (1979),de Wilson de Barros.

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