Considerado o pai do cinema brasileiro, o diretor mineiro Humberto Mauro (1897-1983) acaba de ganhar uma coleção especial no Brasiliana TV, streaming 100% nacional do grupo Curta!. Estão disponíveis na plataforma os longas “Braza Dormida” (1928), “Sangue Mineiro” (1929), “Ganga Bruta” (1933) e “Argila” (1942). E, a partir de janeiro, vão entrar mais duas obras no catálogo: “O Descobrimento do Brasil” (1937) e “O Canto da Saudade” (1952). Os títulos também podem ser acessados pelo público geral no YouTube.
O clássico “Ganga Bruta” foi eleito um dos cem melhores filmes nacionais pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Já “Braza Dormida” (foto acima, disponível também no YouTube) conta a história de um jovem carioca que vai trabalhar em uma usina de açúcar no interior e inicia um romance com a filha do proprietário. O filme aborda, ainda, a “reconciliação” de uma metrópole em rápida expansão com o interior menos desenvolvido.
O Brasiliana TV pode ser acessado por assinantes da Claro TV+. O serviço oferece vários filmes e séries brasileiros, abrangendo tanto ficções quanto documentários, desde os clássicos do nosso cinema até produções mais recentes.
SOBRE HUMBERTO MAURO
Nascido em 30 de abril de 1897, em Volta Grande (MG), Humberto Mauro foi um dos cineastas mais importantes da história do cinema brasileiro, segundo o professor e especialista em história do cinema nacional Eduardo Morettin, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Sua fundamental contribuição para o audiovisual do país foi reconhecida, inclusive, pelo diretor Glauber Rocha e pelo crítico Paulo Emílio Salles Gomes.
Mauro possui uma larga e ininterrupta produção no campo do documentário e da ficção, desde o final dos anos 1920 até a década de 1970, um dado bastante singular, tendo em vista as dificuldades de realização bem próprias da nossa cinematografia.
Com poucos recursos, Mauro iniciou suas atividades na cidade de Cataguases, próxima a Volta Grande. Lá, dirigiu primeiro a produção caseira “Valadião, o Cratera” (1925), em parceria com Pedro Comello. Em seguida, lançou “Na Primavera da Vida” (1926), “O Thesouro Perdido” (1927), “Braza Dormida” (1928) e “Sangue Mineiro” (1929), sendo os três últimos feitos para a empresa cinematográfica local, a Phebo Sul America Film. Dessa fase, restaram apenas as três últimas obras.
Após três décadas de uma ampla produção, o cineasta terminou aquele que seria seu último longa-metragem: “O Canto da Saudade” (1952), feito em sua cidade natal. Na década de 1960, após ser aclamado “pai” do cinema novo por Glauber Rocha, dirigiu “A Velha a Fiar” (1964), curta baseado na cantiga popular homônima.
Mauro redigiu, ainda, os diálogos em tupi de “Como Era Gostoso o Meu Francês” (1971), de Nelson Pereira dos Santos, e “Anchieta José do Brasil” (1978), de Paulo César Sarraceni. Seu último filme foi um curta intitulado “Carro de Bois” (1974), em que retomou, imagética e tematicamente, “Brasilianas nº 6 (Manhã na Roça)”, de 1956. Em 5 de novembro de 1983, o diretor mineiro faleceu, deixando uma vasta e diversa obra, que ainda requer uma análise crítica profunda.