Walter Lima Jr. é tema da mostra “Em cima da terra, embaixo do céu – Os cinemas de Walter Lima Jr.” na CAIXA Cultural Rio de Janeiro

Atraves Da Sombra 2015
Através da Sommbra (2015)

Um dos mais importantes cineastas brasileiros, Walter Lima Jr., 85 anos de vida e 60 de carreira, segue em atividade. Para comemorar essa longa trajetória, ele recebe a retrospectiva “Em cima da terra, embaixo do céu – Os cinemas de Walter Lima Jr.” na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, de 30 de abril a 19 de maio de 2024. Serão exibidos documentários, curtas, médias e longas-metragens, além de debate e oficina com o homenageado, curso com o diretor de fotografia Pedro Farkas e bate-papos. O evento, que conta com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, será gratuito com retirada de senhas 30 minutos antes de cada exibição e atividade programada. A programação está em https://www.caixacultural.gov.br/Paginas/Programacao.aspx?idEvento=1614 .

Apaixonado por cinema desde a infância, o cineasta brasileiro passeou por diferentes gêneros, formatos e temas ao longo de seus 60 anos de carreira – iniciados oficialmente a partir do convite de Glauber Rocha para assumir a assistência de direção no filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, em 1963. A partir de então, Walter avançaria em filmografia própria. 

A mostra “Em Cima da Terra, Embaixo do Céu – Os Cinemas de Walter Lima Jr.” busca celebrar, em vida, a trajetória premiada do cineasta, que se diz contente em ter uma retrospectiva desta grandeza. “Fiz os filmes para as pessoas se sentirem parte daquilo, e para trazer cultura, conhecimento. Isso comprova que fiz a minha parte. A mostra traz um conjunto de filmes e é bom ver este enfoque para poder fazer uma avaliação da obra em si. É uma panorâmica intensa, variada, de vários caminhos, várias direções”, avalia o diretor. 

A obra de Walter Lima Jr. vibra em brasilidade. Já em seu primeiro longa-metragem, “Menino de Engenho” (1965), adapta a escrita de José Lins do Rego celebrando a beleza rural com ecos do pioneiro (e ídolo) Humberto Mauro. Passeia pelo Carnaval de rua em “A Lira do Delírio” (1978), abraça lendas folclóricas em “Ele, o Boto” (1987), revisita o passado histórico do país com “Inocência” (1983), “Chico Rei” (1985), “Através da Sombra” (2015), celebra a Bossa Nova com “Os Desafinados” (2008).

A curadoria, composta pelos realizadores Gregory Baltz e Kaio Caiazzo, coloca uma lupa em seus filmes, dos mais aclamados às obras menos conhecidas. É o caso, por exemplo, do documentário de média-metragem que dá nome à mostra. “Em Cima da Terra, Embaixo do Céu” é um filme de 40 minutos feito em 1982, sobre os limites da solidariedade em comunidades pobres do Rio e de Curitiba – obra desconhecida do grande público, e parte do acervo de Walter. A Mostra será a oportunidade de revisitar em tela grande obras marcantes e “desaparecidas” como “Brasil Ano 2000” (1968), “Na Boca da Noite” (1970), “Joana Angélica” (1979) e “Uma Casa para Pelé” (1992). 

“Muitos dos filmes não estavam disponíveis em streamings ou mesmo em DVDs. Redescobrir a obra de Walter e celebrar isso em vida ficou sendo a nossa missão”, ressalta Kaio.

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Walter Lima Jr (Crédito: Ana Jobim)

Walter Lima Jr. é um dos diretores mais premiados do Brasil. Urso de Prata no Festival de Berlim por “Brasil Ano 2000”, Prêmio Cinema D’Avennire no Festival de Veneza por “A Ostra e o Vento”, Prêmio Air France e Festival de Havana por “Inocência”, e muitos outros do circuito brasileiro. 

O homenageado conta que cada projeto tem sua importância. “O momento mais feliz foi quando vi meu primeiro filme pronto, por exemplo. E gosto muito de um filme, particularmente, “Os Desafinados”, que é um testemunho de vida. Vivi aquelas coisas que estão sendo contadas no filme. Mas também tem “A Lira em delírio”, “Inocência”. Posso dizer que me sinto muito próximo dos filmes que fiz. E os filmes dizem isso: os ciclos da vida, encontros e desencontros”, diz. 

“Foram muitos os diretores cultuados que só conseguiam agradar aos prêmios e festivais. Também muitos os nomes que conseguiam encher as salas, porém esnobados pela crítica. Walter está no centro: seu cinema tem a proeza de equilibrar os dois lados num saldo mais que positivo”, ressalta Gregory Baltz. 

Atividades Paralelas 

A mostra conta com atividades extras gratuitas (com retirada de ingressos a partir de 30 minutos antes de cada sessão e atividade programada), a saber: 

– Debate “O Brasil no cinema de Walter Lima Jr.” – 03 de maio
Com o critico Ricardo Cota, o pesquisador Fabio Velozo e o músico Wagner Tiso.
O encontro será logo após a exibição de “A Ostra e o Vento”. Em pauta a representação do Brasíl no cinema produzido por Walter Lima Jr. O olhar diverso do cineasta sobre o país, seu povo, sua história, sua cultura.

– Oficina de atores com Walter Lima Jr
07 de maio – 13h30
4h de duração.
Distribuição de senhas 30 minutos antes, direto na bilheteria da CAIXA Cultural. Vagas limitadas. Sujeito a lotação da sala.
Walter Lima Jr. dará uma oficina aplicando exercícios e apresentando bases de criação para o ator e diretor no cinema no ambiente de produção de filmes.

 – Bate-papos na CAIXA Cultural 
10 de maio – Encontro com os atores Othon Bastos e Antônio Pitanga, logo após a exibição de “Chico Rei”
11 de maio – Encontro com a atriz e produtora Virginia Cavendish, logo após a exibição de “Através da Sombra”
15 de maio – Encontro com o cineasta Walter Lima Jr, logo após a exibição de “Ele, o boto”

Sessão com Interpretação em Libras
14 de maio, 15h30, A Ostra e o Vento
A interpretação em Libras estará inserida diretamente no filme.

Curso “A fotografia no cinema de Walter Lima Jr” com Pedro Farkas, ABC – 18 de maio – 13h30
2h de duração
Distribuição de senhas 30 minutos antes, direto na bilheteria da CAIXA Cultural. Vagas
limitadas. Sujeito a lotação da sala.
No curso, Pedro Farkas falará sobre sua experiência ao fotografar os filmes de Walter Lima Jr. ao longo de 40 anos de parceria. Filmes como “Inocência”, a primeira parceria dos dois, e obras mais recentes como “Os Desafinados” e “Através da Sombra”, serão analisadas pelo fotógrafo.

Sobre os curadores 

Kaio Caiazzo – Curador
É cineasta, fotógrafo, roteirista e ator. Após estudar Direção, Atuação e Música na University Of California (EUA), se formou em Cinema e Comunicação Social na PUC-Rio. Durante os anos de faculdade, assinou direção e roteiro dos curtas “Quatro Estações” (2014), “On Sale.” (2015) e “Retorno” (2016), esse último selecionado para a 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, finalista na 13ª edição do Cinefest Gato Preto e exibido fora de competição no 70º Festival de Cannes. Durante o período de isolamento pandêmico, dirigiu através do FaceTime os curtas “. suja .”, “Acordes”, “Chove”, “INT.” e “Giro”. Kaio Caiazzo foi assistente de direção de Domingos Oliveira no filme “Aconteceu na Quarta-Feira” (2018) e no seriado “Confissões de Mulheres de 50” (2019). Juntos fizeram os curtas “BM 33” (2018) e “Domingos de Carnaval” (2019). Sua carreira na atuação inclui o longa “Através da Sombra” (de Walter Lima Jr., 2015) – além dos curtas-metragens “Victor Home System” (de Lucas Coimbra, 2013) e “Norm” (de Andrew Weiler, 2014), pelo qual recebeu um FPC Production Award. Lançou o livro de fotos “A Kâmera Literária” em 2022, pela editora Litteris. Foi curador e produtor das mostras fotográficas “Trás-os-Montes, Frente-às-Câmeras – a Fotografia Involuntária de Mino Gonçalves” e “Luiz. Câmera. Barreto!”. Como fotógrafo, realizou exposição fotográfica “K.atarsis” em galerias de arte durante 2019 e registrou inúmeras peças no circuito carioca – entre as quais “Cinco Julias” (de Matheus Souza, 2016) e “Edward Bond Para Tempos Conturbados”  (de Daniel Belmonte, 2017-2018).

Gregory Baltz – Curador e Produtor Executivo
É bacharel em cinema e pós-graduando em produção audiovisual na FACHA. Cursou “diplomatura” em preservação e restauração audiovisual na DIPRA, Sociedade pelo Patrimônio Audiovisual da Argentina. Foi voluntário na Cinemateca do MAM, onde trabalhava na área de documentação e pesquisa. Foi assistente de produção do documentarista Nelson Hoineff no filme “Eu Pecador”. Dirigiu “Carta para Glauber”, lançado em 2022 no É Tudo Verdade, selecionado no Festival de Tiradentes. Premiado no Arquivo em Cartaz e no Fest Aruanda e finalista do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. Abriu duas sessões do “Deus e o Diabo na Terra do Sol” digitalizado em 4k no ano de 2022. 

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