Por Danielle de Noronha
No dia 2 de janeiro de 2014, a ABC comemorou 14 anos de sua fundação. Também foi nesse dia que se iniciou um novo ciclo, com a posse da nova diretoria que irá conduzir a associação nos próximos dois anos. A equipe tem a incumbência de continuar o trabalho que vem sendo desenvolvido desde o primeiro dia da ABC, ampliando ainda mais a sua instrumentalização, o relacionamento entre os sócios e a sua atuação no mercado audiovisual brasileiro.
O diretor de fotografia Lauro Escorel, ABC, presidente da associação no biênio 2012-2013, entrega o cargo ao diretor de fotografia Walter Carvalho, ABC, que foi eleito com os demais membros da diretoria e do conselho pelos sócios da ABC. A diretoria ainda conta com os diretores de fotografia Guy Gonçalves, ABC (vice-Presidente), Carlos Pacheco, ABC (diretor secretário) e Marcelo Trotta, ABC (diretor tesoureiro). O conselho, formado por profissionais de diferentes áreas, é composto por Adrian Teijido, ABC, Breno Cunha, Cassio Amarante, ABC, Diana Vasconcellos, ABC, Jacques Cheuiche, ABC, Lula Carvalho, ABC, Luiz Adelmo, Marcelo Corpanni, ABC, Marcelo Pedrazzi, Ninho Moraes, Rodrigo Monte, ABC e Tide Borges, ABC.
Nova diretoria: o início de mais um biênio
“Primeiro, eu tive aquela sensação de ser eleito e eu confesso que até agora eu ainda estou sob esse impacto”. Foi com essa frase que se iniciou a conversa com Walter Carvalho sobre a nova diretoria da ABC. O diretor de fotografia, que foi o primeiro vice-presidente da associação, demonstrou muita alegria em iniciar o seu primeiro mandato como presidente. Carvalho assume a entidade num momento muito positivo, mas ainda com diversos desafios – tanto para a associação, quanto para o cinema brasileiro.
Ano após ano, a ABC se destaca pela crescente preocupação com a consolidação técnica e artística do audiovisual no país. A partir da constante troca de informações entre profissionais de diferentes áreas e distintos níveis de experiência, que ocorre tanto na lista dos sócios, no site e nos eventos, a ABC trabalhou – e seguirá trabalhando com a nova diretoria – pela melhoria das produções brasileiras em todas as suas etapas, da pré-produção à exibição. Sobre isso, as palavras de Marcelo Trotta sintetizam de forma muito clara o papel que a associação conquistou no cenário atual do nosso audiovisual: “A ABC tem se firmado como uma associação que discute com muita profundidade as questões da produção cinematográfica no Brasil. A Semana ABC é provavelmente o evento mais organizado nesse sentido. Temos painéis sobre novas tecnologias, mudanças de formato de produção, relações entre profissionais do cinema com diretores e produtores e etc. Vejo a ABC como aglomeradora dessa comunidade. As Sessões ABC também são um importante espaço de pensar a cinematografia brasileira. Fora isso, há toda a troca de informações na lista de sócios, uma boa oportunidade de diminuir as distâncias geográficas do nosso país de dimensões continentais, uma base de troca de informações, com pessoas dos grandes centros de produção e também de todas as regiões do Brasil”.
Com a responsabilidade de continuar – e melhorar ainda mais – o trabalho da ABC, consolidando sua posição e sua importância no mercado audiovisual, Walter contou que eles iriam começar o ano lançando um lema, “para tentar reagrupar os membros e seduzir mais pessoas para o convívio da ABC, no sentido de realizar as coisas que são necessárias”. E ele explica: “Porque tem o dia a dia, o site, funcionários, pagamentos, você tem uma atividade constante. Então nós vamos iniciar o processo lançando um lema”, compartilha o fotógrafo. E é com o lema “ABCÉ VOCÊ”, que se inicia mais esse ciclo da associação.
Guy Gonçalves, que segue como vice-presidente também neste biênio, pontua que dentre os objetivos para os próximos dois anos estão: “Maior participação dos associados, maior interação nacional, aprimoramento técnico e comunicação com os outros setores do audiovisual”. O diretor de fotografia continua: “A ABC tem vocação para a educação, pois tem os melhores profissionais de cinematografia, com um acúmulo de conhecimento pronto a ser difundido. A melhoria das condições de produção e exibição dos nossos filmes requer um diálogo permanente , envolvendo produção, distribuição, exibição e toda a sociedade. A nova lei da TV paga, segue apontando rumo a uma consolidação de uma dramaturgia nacional aumentando a produção e a circulação de conteúdo audiovisual brasileiro. Desta forma o mercado se integra cada vez mais terminando com a divisão Cinema / TV. A ABC estará atenta e participante deste processo”, diz.
Além dos pontos já mencionados, Trotta ainda fala de outras expectativas para o trabalho da ABC: “Acho que a ABC tem que estreitar relações com outras associações nacionais pelo mundo. Pelo que temos percebido pelas nossas correspondências com os colegas afiliados a Imago, muitos dos problemas e questões pelas quais passamos são iguais no mundo todo. Acho importante a ABC se unir bem com essas outras associações para eventuais ações conjuntas. Há que se promover também a excelência do cinema brasileiro no exterior. Vamos continuar tentando entender que tamanho de Semana ABC conseguimos fazer, avaliar os patrocínios e dimensionar nosso evento mais importante. Aumentar a quantidade de artigos no site também me parece ser uma meta necessária. Precisamos da ajuda dos sócios nisso. Continuar no esforço de estreitar a relação dos profissionais de cinema com produtores e diretores”, acredita o diretor de fotografia.
Renovação
O diretor de fotografia Carlos Pacheco também lembra de outra prioridade da ABC para os próximos anos: a renovação. “A gente precisa que mais pessoas encabecem a administração da ABC. E nessa diretoria, grande parte do conselho está sendo renovado no intuito de trazer mais pessoas para dentro da ABC. A ideia é que no futuro, a gente que já participou consiga sair, para que entre novos administradores, novas pessoas, novas cabeças”, explica.
A editora e montadora Diana Vasconcelos, ABC e o supervisor de som Luiz Adelmo são exemplos desse sangue novo que faz parte da nova diretoria. “A rotatividade de participação promove uma revitalização contínua. Acredito que seja do interesse de todos os associados fortalecer as atividades promovidas pela ABC’, elucida Diana. Luiz Adelmo também pontua: “Sou da área de som, logo é importante ter pessoas dessa área participando da ABC, valorizando também a questão sonora. Por se tratar de uma associação de técnicos, colocar pontos que sejam relevantes em todas as áreas é de suma importância, ainda mais no som, que vem atraindo cada vez mais pessoas e oferecendo um mercado de trabalho específico. Assim, participar da diretoria e do conselho trata-se de uma responsabilidade grande, além de uma forma essencial de valorizar todos aspectos da realização fílmica, contribuindo para que a associação mantenha-se em sintonia com os assuntos do cotidiano”.
Entretanto, Trotta lembra que ainda é necessário que os sócios participem mais. “Sinto que ainda falta mais participação dos sócios na associação. Todo o trabalho da diretoria é voluntário. Poucos trabalham para a associação. Seria interessante ter mais gente mais envolvida, não só para ajudar nos trabalhos, mas para termos mais representatividade”, esclarece o fotógrafo.
Um dos temas que pode afastar os sócios das atividades da ABC é como conciliar o trabalho com o cinema com o trabalho na associação. “A gente vem cada vez mais profissionalizando a ABC, mas isso envolve um problema de custo, a ABC tem um problema muito sério de faturamento e isso faz com que a gente não consiga profissionalizar o tanto que precisa. É muito complicado gerir uma associação usando só o tempo vago das pessoas. As vezes, o fato de você se empenhar na associação te atrapalha profissionalmente porque você acaba não cuidando da sua carreira. E quando você tá cuidando da sua carreira você não pode dar a ABC aquilo que ela necessita. Por isso que eu acho que a ABC, cada vez mais, necessita profissionalizar a sua administração para que as pessoas da diretoria e do conselho participem mostrando os direcionamentos”, explica Pacheco.
Walter Carvalho acredita que, nesse momento, para resolver essa questão é necessário dividir as tarefas. “Quando houve o convite para que eu me candidatasse eu deixei claro com a atual diretoria, que eu gostaria muito de assumir, mas eu sou uma pessoa que tem uma agenda muito apertada, muito preenchida, sem nenhum tempo. Porém, eu acho que os outros que assumiram as diretorias passadas da ABC não são muito diferentes de mim. Isso não quer dizer que eu não tenha que colocar de lado algumas tarefas para poder me dedicar a essa tarefa nova, que seria andar com a ABC. Por outro lado, eu também solicitei algumas pessoas pra me ajudar, pra trabalhar comigo e que conhecem mais o dia a dia da ABC e no conselho a gente fez o convite para pessoas que nunca tinham feito parte, para tentar trazer esse sangue novo. Então, eu não vou ter o tempo disponível que precisava, mas por outro lado eu vou dividir com os outros a tarefa de conduzir a ABC”, conta Carvalho.
Porém, as expectativas são positivas. “Espero que a ABC continue a desempenhar as funções que exerce, sendo fonte de referência para profissionais, reconhecida todos os anos, trabalhando para que mais profissionais possam se associar, de todos os Estados do pais. Além disso, espero que continue exercendo sua função de formação, de difusão de conhecimento, que atrai a cada ano estudantes e interessados de todos os lugares. E, por fim, torço pra que a ABC desempenhe essa função de referência para assuntos técnicos que exigem normatização e padronização, algo que se mostra necessário a cada novidade do mundo digital”, fala Luiz Adelmo. Trotta complementa: “A ABC tem hoje uma clara missão de propagar a excelência na produção cinematográfica, de discutir os aspectos da produção e ajudar a comunidade a se aprimorar. Meu desejo é que isso se intensifique. Que exista ainda mais participação e mais integração com os outros âmbitos da comunidade cinematográfica”.
Para finalizar, Gonçalves acredita numa ABC cada vez mais forte, com maior participação dos associados e interação com os estudantes e público em geral. Sem deixar de lado a melhoria na qualidade da produção e exibição audiovisual. “O processo de aprimoramento não cessa nunca”, encerra.