Adrian Teijido, ABC e Frederico Pinto, ABC: “Elis”

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Por Danielle de Noronha

Na semana passada estreou o filme “Elis”, cinebiografia da cantora Elis Regina. Com direção de Hugo Prata, o filme inicia com o período em que a cantora, interpretada pela atriz Andréia Horta, entra na vida adulta, deixando o Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro, e segue com a trajetória de Elis até os anos 1980. A vida de Elis Regina – indiscutivelmente a maior cantora brasileira de todos os tempos, é contada em ritmo energético e pulsante. A “pimentinha”, criadora de tendência cultural, sinalizou a mudança de estilos de Bossa Nova para MPB. Viveu uma vida intensa e turbulenta. Ao mesmo tempo que chocava-se com a ditadura militar no Brasil, ela lutou com seus próprios demônios pessoais.

O diretor de fotografia Adrian Teijido, ABC e o diretor de arte Frederico Pinto contam um pouco sobre o trabalho no filme.

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Aspectos técnicos

Super 35, aspect ratio 2.35 e 1.77
Arriraw, Pro Res 3.2 K
Objetivas: Ultra Primes

Quando vocês foram convidados para fazer a cinebiografia da Elis Regina, quais foram as primeiras coisas que vieram na cabeça?

Adrian Teijido: Quanto o Hugo me convidou, eu aceitei na hora, pois seria um grande privilégio e responsabilidade contar a História de Elis.

Fred Pinto: Fiquei muito feliz de receber esse convite. Elis é a maior cantora que o Brasil já teve. Ser retratada no cinema era um grande desafio. Tinha 13 anos quando ela morreu, e lembrava bem deste momento que parou o país. Ter a possibilidade de ajudar a contar essa história foi um grande desafio e prazer.

Como foram as primeiras reuniões com o diretor, diretor de fotografia e de arte?

A.T.: Quando começamos a trabalhar, o roteiro ainda estava em finalização, uma enorme pesquisa havia sido feita, olhamos todo este material e começamos a coletar referências, discutíamos cores, conceitos de como filmar e principalmente de como reproduzir os períodos, pois Elis se passa entre o fim dos 1950 até o princípio dos anos 1980.

F.P.: Meu primeiro contato com o diretor foi muito rico.  Hugo, sempre entusiasmado com o projeto e cheio de ideias, sabia bem o que queria. Em cada encontro me instigava com suas convicções e confiava plenamente em meu trabalho. Com a fotografia, foi uma oportunidade de trabalhar com um parceiro antigo de filmes publicitários e curtas-metragens. Finalmente tínhamos em mãos um projeto extremamente plástico de uma personagem fascinante. Esse contato foi muito complementar, de parceria total.

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Hugo Prata e Fred Pinto. Foto: Adrian Teijido

Como foi o processo para levar a narrativa para o passado?

A.T.: Entendemos que o tempo passa muito rápido no filme, então junto com o Fred chegamos à conclusão que começaríamos mais monocromáticos na arte, figurino e luz, e o filme passaria a ganhar cor gradativamente, conforme o tempo fosse passando até chegar nos anos 1980.

F.P.: Elis é um projeto grande sobre três décadas, em que a história do Brasil também seria retratada. Abrimos uma grande pesquisa em jornais, revistas e TVs para termos o registro jornalístico desse Brasil para, aí sim, tomarmos partido do caminho que seria proposto. Definimos uma paleta de cor para cada uma das três décadas como ponto de partida, mas não queríamos ter uma mudança abrupta e sim uma transição suave entre cada período, em que o filme fluísse naturalmente de uma década para a outra. A fotografia com claros e escuros (contrastada) foi uma proposta muito importante para a narrativa e caracterização das épocas.

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Quais foram as principais referências?

A.T.: Em busca de um estilo/conceito que pudesse reproduzir os anos 1950 e 1960, estudei um filme que gosto muito, que é “Lenny”, com direção de Bob Fosse e fotografia de Bruce Surtees, iluminei toda a primeira parte do filme só com fresnéis, e sem usar fill Light. O Hugo foi muito corajoso e me incentivou. Ele queria muito esse Cinema contrastado. Conversamos muito também sobre o trabalho do fotógrafo Tom Stern, que trabalha há anos com Clint Eastwood.

F.P.: Assistimos muitos filmes e várias cinebiografias já feitas. Tivemos uma interessante pesquisa de imagens e vídeos. Vimos vários shows e entrevistas da Elis. Acho que colocamos um pouco de tudo e o olhar do Hugo Prata para contar essa história.

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Lenny, Dir. De Fotografia Bruce Surtees

Como foi a pré-produção? Quais testes foram realizados?

A.T.: Infelizmente fizemos poucos testes, devido ao prazo e orçamento que tínhamos disponível. Mesmo assim fizemos muitos testes de maquiagem e cabelo. Gostaria de ter feito muito mais, mas não foi possível.

F.P.: Pra mim, o segredo da Direção de Arte em um Longa está diretamente ligado à preparação e às pesquisas, ainda mais em um projeto de época. No caso da arte, tivemos uma boa pré-produção, com a equipe de arte completa e, além disso, entrei no projeto algumas semanas antes de todos para ir trabalhando com o Hugo alguns caminhos plásticos e já ir definindo o desenho da arte como um todo.

E o que dizer do trabalho com a Andréia Horta?

A.T.: O Trabalho da Andréia é realmente incrível, ela foi muito bem preparada, e se entregou 100 %, entendendo a responsabilidade que estava assumindo. Era emocionante filmá-la!

F.P.: Quando entrei no Projeto, o Hugo já tinha a Andréia em mente. Depois de algumas semanas, soube que ela não poderia fazer o filme por questões da agenda e foi uma ducha fria. O Hugo já tinha me mostrado uma foto da Andréia muito parecida com a Elis. Não poderia ser outra atriz. Essa semelhança em um projeto de cinebiografia é muito importante. Depois de um tempo buscando outras atrizes, o destino fez a Andréia voltar ao projeto. Obrigado Andréia e ao belo elenco desse filme.

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Como aconteceu a interação da fotografia com a equipe de arte?

A.T.: Não vejo como não estar junto com a Arte, dependemos um do outro. Sempre fico muito perto da Arte, discutimos cores, composição, enfim, tudo que se refere à criação da imagem.

E como foi a interação entre os departamentos de arte?

F.P.: O departamento de arte trabalhou muito para reconstituir os diversos shows e recriar os espaços das décadas de 1960, 70 e 80 em duas cidades tão mau tratadas como São Paulo e Rio de Janeiro. A equipe de figurino teve um trabalho muito importante. Comandada pela Cris Camargo, pesquisou e reconstruiu vários figurinos de acordo com a nossa paleta de cores. A caracterização, feita pela Anna Vansteen, foi muito bem realizada e teve sempre a colaboração da fotografia para valorizar os artistas da melhor maneira e complementar toda a criação proposta. A fotografia imprime a unidade de um belo trabalho entre arte e foto.

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Como foi o workflow de pós e a participação da direção de fotografia nele?

A.T.: Tivemos Dailies organizados pela Lilith, pós-produção da Quanta-post, 3D e efeitos com Guilherme Ramalho, supervisão geral de Hugo Gurgel e correção de cor de Sergio Pasqualino.Acompanhei toda a correção de cor e supervisão de DCPs.

Qual a expectativa de vocês para a estreia do filme?

A.T.: Sei que fizemos um filme importante, um filme que ficará na história do Cinema Brasileiro, pois a vida da Elis deve ser lembrada para sempre.

F.P.: Espero que o público goste. Foram vários os momentos em que nos emocionamos no set de filmagem e acredito que isto está na telona.

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Gostariam de acrescentar algo mais?

A.T.: Tivemos uma equipe muito experiente e talentosa, maquiagem e cabelo de Anna Van Steen, figurinos de Cristina Camargo, assistência de câmera de Pimenta, maquinista Guzulinha, e Gaffer Marcelinho e Joel Junior. Equipe em cinema é tudo!

F.P.: Gostaria de agradecer pela oportunidade de fazer parte desse projeto e trabalhar com essa equipe. Gosto do resultado final. Parabéns a todos que se dedicaram a contar essa história!

Ficha Técnica
Roteiro: Luiz Bolognesi, Hugo Prata, Vera Egito
Produtor: Fabio Zavala
Produção Executiva: Antonio Irivan
Direção de Fotografia: Adrian Teijido, ABC
Direção de Arte: Fred Pinto
Figurino: Cristina Camargo
Maquiagem: Anna Van Steen
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