“Não se preocupe nada vai dar certo” – notas e imagens

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Por Lauro Escorel

Nosso novo site trouxe de volta a idéia de mantermos nele uma seção aberta aos sócios para enviar informações dos seus projetos em andamento. Dentro desta idéia, conto aqui um pouco da produção da nova comédia do Hugo Carvana ” Não se preocupe, nada vai dar certo ” que acabo de filmar.

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O filme conta a história de um ator que vive mambembando pelo interior do Brasil . Seu pai , um velho ator atua como seu empresário transformando sua vida num inferno . Na trama , quando o personagem central encontra-se no Ceara , recebe uma proposta para fingir ser outra pessoa .Ao aceitar ele acaba acusado de assassinato .É quando seu pai “entra em cena ” para livrá-lo da cadeia . Sempre que o protagonista se desespera , o pai se sai com o chavão : Não se preocupe , nada vai dar certo . Então , não esquente a cabeça .

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” Não se preocupe … ” é uma comédia policial filmada em Fortim (CE) e no Rio de Janeiro . Seus protagonistas são Tarcísio Meira, Gregório Duvivier, Hugo Carvana, Flavia Alessandra, Antonio Pedro, entre outros.

É um filme aparentemente simples, mas que acabou se mostrando bem maior do que seu orçamento previa, com muitas locações e muitos personagens.

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O primeiro passo foi tentar ajudar a viabilizar o projeto. Foi aí que a RED entrou na minha vida e já não era sem tempo. Há algum tempo queria passar pela experiência de fazer um longa em digital e a oportunidade apareceu.

A produção alegou que seria uma economia significativa optarmos por esta câmera e embora estes números nunca tenham ficado realmente claros para mim aceitei a idéia com uma ressalva : gostaria de fotografar as externas no Ceará em película. Como o filme tem duas partes e a parte do Rio é essencialmente de interiores optei por conviver com a diferença entre os suportes que certamente existirá na cópia final.

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Para a captação, utilizamos a câmera RED, da Cinepro, em 4 K, com o build 21 e um jogo de Lentes Cooke S4i. Para o Ceará levamos um corpo de reserva e para as cenas filmadas usamos uma BL evolution com o mesmo jogo de lentes.

Como de hábito, fiz testes de sensibilidade, latitude e de fotografia antes de iniciar as filmagens. Os arquivos R3D, 4K foram escaneados/importados para dentro do Pablo, na Teleimage. E convertidos em arquivos DPX LOG neste momento. Os diferentes clipes foram então analisados em projeção digital com o colorista Serginho Pascualino. Alguns trechos foram transferidos para película com o Arri Laser.

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Da projeção deste teste saí convencido dos limites da latitude da câmera. Decidi que o índice de exposição de referência para a câmera que eu usaria devia ser 250 ISO e que não precisava variar este valor quando estivesse usando luz de tungstênio. Fiquei com a impressão que a margem de correção das cores era bem ampla desde que não misturasse temperaturas de cor muito diferentes entre si.

O material captado no exterior/dia confirmou os limites previstos. No sol de Copacabana, ensaiei o Ceará e confirmei que a película seria mais indicada para as cenas que faríamos por lá. Achei muito feias as altas luzes clipadas no rosto dos modelos. A imagem me pareceu plastificada. A latitude, pensando em informação capturada passível de uso sem restrições não ia além de dois stops para lá e dois para cá. Uma camisa de força . Mas fomos em frente.

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A filmagem correu bem. O universo teatral em que boa parte do filme transcorre me permitiu experimentar diferentes situações de iluminação. Nos monitores que nos cercavam o resultado me pareceu satisfatório mas ainda estou na expectativa do resultado final que conseguiremos na tela grande. Na coluna das surpresas positivas posso listar o fato da câmera não ter dado pau nenhuma vez por causa do calor contrariando a todos que nos tinham alertado para esta possibilidade. Mas o calor afetou e muito o ajuste do back focus.

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Constantemente, meu câmera Alexandre Ramos, meu assistente Lula Serri, nosso logger Miguel Lindenberg acabavam seus dias perdendo horas reajustando o back focus. Aparentemente o calor afeta um elemento do sensor que se expande ou comprime conforme as variações de temperatura. Uma chateação que foi superada pela camaradagem reinante.

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Ainda do lado positivo, tive a liberdade de poder fazer quantas tomadas fossem necessárias sem a pressão do gasto de negativo. Muito bom poder pedir mais um take. Estávamos conscientes da necessidade de não mandar material em excesso para a ilha e trabalhávamos sempre indicando as tomadas (clipes) consideradas boas para serem importadas. Os clipes sempre seguiam com uma referencia de ” look ” produzido dentro das limitações do RED Cine.

O batimento da câmera nas panorâmicas foi sempre uma fonte de preocupação.

Adorei o monitor Panasonic 17″ HD que tinha comigo no set. Depois de anos pude tirar o olho da câmera com tranquilidade. O monitor on board RED LCD 5.6″ polegadas foi muito útil para controlar o histograma das imagens e também para a utilização do controle de exposição False Colors.

Tentando definir meu sentimento hoje em relação a RED ( no estágio atual da sua evolução ) diria que é como tomar um bom vinho num copo de plástico.

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Mas Nestor Almendros no seu livro “Un homme á la caméra” nos ensina como é importante valorizar o que há de melhor em cada projeto que participamos. Neste além da RED tivemos uma valorosa equipe conduzida com muita leveza pelo Hugo. O elenco liderado por Tarcísio Meira foi um incentivo a mais para nosso trabalho.

Agora o que queremos é que o filme faça rir.

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Fotos de cena: Alexandre Ramos e Davi de Almeida.

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