Representantes de 24 países participaram da primeira Conferência Internacional de Cinematografia – Parte 1

Debate Na Asc

Por José Roberto Eliezer

Representantes das Sociedades de Cinematografia de 24 países participaram da primeira Conferência Internacional de Cinematografia (International Cinematography Summit Conference), organizada pela ASC (American Society of Cinematographers), em sua sede em Los Angeles, entre os dias 02 e 05 de maio.

O evento foi uma iniciativa do Presidente Michael Goi ASC e contou com a colaboração do Comitê Internacional da ASC, conduzido por Vilmos Zsigmond ASC e Fred Goodich ASC.

A conferência buscouestabelecer um diálogo entre cineastas de todo o mundo, com o objetivo de compartilhar conhecimento de tecnologias emergentes e discutir o futuro do ofício, a partir de questões como a produção virtual e o 3D.

O diretor de fotografia José Roberto Eliezer, ABC, representou a ABC e, nos relatou a sua experiência durante os quatro dias do evento.

02/05/2011 – 1° dia da conferência

Na sede da ASC, a mais antiga associação de fotógrafos do mundo, a primeira impressão é calorosa. É uma casa grande, confortável e muito equipada, aberta recentemente depois de uma ampla reforma. Nas paredes, fotos dos associados, dos vencedores do Oscar e dos premiados pela associação pelo conjunto da obra. Câmeras e lentes antigas expostas nas salas.

Haskell Wexler, com a câmera na mão, já estava documentando tudo, dirigindo uma pequena equipe. Cerca de 50 pessoas estavam presentes no evento. Todos se sentam no salão principal e se apresentam. Participam membros das associações da África do Sul, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Coréia, Dinamarca, Eslovênia, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Inglaterra, Itália, Holanda, México, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Sérvia e Suécia. Dentre os “medalhões”, Vilmos Zsigmond, Slawomir Idziak, Denis Lenoir, Dante Spinotti, Stephen Burum, Steve Poster, Peter James, o presidente da Imago, Nigel Walters, Joe Dunton, entre outros.

Haskell Filma Tudo
Haskell Wexler filma tudo do evento

Michael Goi foi o responsável pelo discurso de abertura, onde apontou como objetivo principal da conferência, encontrar maneiras de desenvolver e ampliar a comunicação entre as Sociedades de Cinematografia mundiais, referente às questões técnicas e estéticas que afetam o trabalho, além de encontrar meios de conscientizar a classe do valor de sua capacidade criativa, numa profissão que, cada vez mais, se utiliza de imagens criadas ou realçadas digitalmente.

Após as apresentações, os fotógrafos foram encaminhados à um estúdio na Sony Pictures, onde é ministrado um workshop de 3D, com duração de quatro dias. Foram demonstradas algumas técnicas de captação e rigs, e seguiu-se uma breve palestra sobre como o 3D afeta a habilidade dos fotógrafos em contar uma história, através de iluminação e composição.

A seguir, foi apresentado o primeiro teste da nova câmera Sony F65 4K, numa sala com projetor 4K. Esse teste, dirigido e fotografado por Curtis Clark ASC, impressionou bastante pela latitude e definição da imagem, que não mostrou artefatos mesmo zoomada a 900%, numa cena noturna.

Na Sony Studios
Visita ao estúdio da Sony Pictures

De volta à ASC, seguiram-se duas discussões. O primeiro tema apontado questionava: como incrementar a comunicação entre as Associações de forma regular. Sobre esta questão, foi enfatizada a necessidade de esclarecer às pessoas em geral sobre o que consiste o trabalho do diretor de fotografia, além de promover o diálogo e a troca de experiências entre os profissionais. O caminho óbvio foi o de estabelecer essa comunicação por meio da internet. Várias possibilidades foram aventadas, como uma página no Facebook, que já foi criada no último dia do evento, pelo representante da República Tcheca, Martin Preiss. O endereço é: https://www.facebook.com/home.php?sk=group_208028122561033&ap=1

Também se levantou a hipótese da formação de uma nova entidade internacional, quando Nigel Walters, da Imago, esclareceu que essa entidade já existe, tendo como afiliados 20, dos 24 países presentes. Posteriormente, durante uma conversa com Walters, ele enfatizou a importância de estreitarmos relações entre nossas Associações na América Latina, a partir do que está ocorrendo na Europa, para avançarmos na questão dos direitos autorais, já reconhecido em vários países europeus.

O segundo tema discutido levantou as seguintes questões: Qual é nosso papel na educação das novas gerações de fotógrafos? Como influenciar nossas instituições de ensino e termos voz ativa no que será passado para a próxima geração?

Durante a discussão, os profissionais presentes comentaram sobre a tendência mundial do ensino de Cinematografia ser feito em escolas particulares, longe do controle de organismos oficiais, onde é utilizado, principalmente, o suporte digital. Acredita-se que está tendência gera uma situação bastante incômoda, onde o patrimônio do conhecimento técnico vai sendo posto de lado. Digna de nota, a declaração de Vilmos Zsigmond, foi apoiada por todos os presentes: “é impossível aprender fotografia sem o conhecimento da película”.

No final, foram exibidos os “rolos” de todas as Associações que enviaram material. Ficou patente a enorme diversidade de técnicas e aspectos da imagem cinematográfica captada ao redor do mundo, num painel bastante animador. Infelizmente a ABC não conseguiu produzir uma amostra pra a apresentação.

Debate Na Asc
Discussão na sede da ASC

03/05/2011 – 2° dia da conferência

O segundo dia do evento começou com uma visita ao Universal Virtual Stage. Um fundo infinito verde, vários charts presos no teto, câmeras equipadas com sensores e uma demonstração genuinamente “hollywoodiana” de uma cena de ação, com uma atriz contracenando com um monstro virtual, num cenário virtual.

O set-up bastante “árido” não chegou a interessar muito, tudo fica muito parecido com um cenário de jogo de computador. Foi demonstrada a famosa câmera virtual utilizada por James Cameron em “Avatar”: um “control pad” bastante sofisticado, que reforça ainda mais a sensação de videogame.

Universal Virtual Stage Uvs
Visita ao Universal Virtual Stage

De volta à ASC, foi feita a polêmica apresentação da “Previs Society”, grupo que oferece serviços de previsualização de produções cinematográficas. Foram mostrados alguns exemplos de como funciona o processo – todo em digital – e seguiu-se uma acalorada discussão sobre a real necessidade do “previs”. Uma grande surpresa foi causada por um organograma que incluía o diretor de fotografia como uma peça do sistema com pouca ou nenhuma importância criativa, quase que apenas um “executor” dos planos “previsualizados”.

Essa posição foi rejeitada veementemente pela grande maioria dos presentes e a “Previs Society” não conseguiu encantar ninguém. Ficou claro que o sistema se justifica apenas em grandes produções, onde a construção parcial de grandes cenários, a serem completados digitalmente, seja de crucial importância para otimizar orçamentos.

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