Por Danielle de Noronha
Desacreditado no imaginário das pessoas e preocupado com seu decrescente market share, o Diabo resolve vir a terra fundar sua própria igreja onde tudo o que é proibido passa a ser permitido. O ser humano é estimulado a liberar seus instintos primais e realizar suas fantasias reprimidas. O pecado não é a gula, mas a fome. A inveja é a essência da concorrência e o que faz a humanidade progredir. Usando a televisão para propagar a chegada da nova religião, Satanás instala a desordem e o mundo vira um caos de delícias e confusões. A adesão à nova doutrina preocupa anjos, religiosos e carolas, mas Deus, de quem se espera uma reação espetacular, não se importa com a queda de preferência. Pelo contrário, só pensa em seus joguinhos de azar para driblar o tédio celestial. O mundo está perdido? O homem vai entregar-se definitivamente às tentações do Capeta?
Novo filme de Toni Venturi, “A Comédia Divina”, conta com os atores Dalton Vigh, Débora Duboc, Juliana Alves, Monica Iozzi, Murilo Rosa, Thiago Mendonça, Thogun Teixeira e Zezé Motta no elenco.
O diretor de fotografia Carlos Zalasik fala sobre o trabalho no filme.
Como foram as primeiras reuniões com a direção e direção de arte?
No primeiro momento a ideia era ter os universos de céu, terra e inferno sempre um pouco diferente um do outro. O diretor Toni Venturi propôs que a fotografia e a arte não se distanciassem de realidade para que os personagens como Deus e o diabo perecessem como humanos.
Quais câmeras e lentes foram utilizadas para o projeto? Por que elas foram escolhidas?
A escolha das lentes foi simplesmente por custo/benefício. Foram usadas duas Red Dragon e uma Blackmagic Pocket.
Jogo de lentes Canon CN-E 14, 24, 35, 50, 85 e 135, jogo de tilt-focus Canon 17, 24, 45 e 90 e zoom 24-290 Angeniux.
Foram realizados testes prévios?
Como as câmeras Red Dragon eram recém-chegadas no Brasil, e muito confiáveis, só fiz um teste de sensibilidade/ruído (grão) para ver como se comportavam em baixas luzes e altas.
Quais foram suas inspirações e influências para a fotografia desse filme?
Sou muito influenciado pelos diretores Denis Villeneuve, David Ayer, Luc Besson, entre outros. As reuniões de referência foram exaustivas.
Como foi o planejamento e o trabalho com as equipes de efeitos visuais e efeitos especiais?
Todo filme com efeitos visuais requer muita reunião, preparação e paciência. O coordenador de pós-produção Tiago Berti, junto com o pessoal da Mistika, fez um trabalho exemplar.
Como foi o processo de escolha das locações? Qual a importância da cidade para o filme?
A minúcia na escolha das locações partiu inicialmente da direção. O Toni já tinha algumas na cabeça, e junto com o trabalho da direção de arte (Ana Rita), imprimiu uma grande contribuição plástica no filme. A cidade de São Paulo acabou sendo um bom pano de fundo, com locações como a TV Cultura para dar um exemplo.
Como a fotografia trabalhou para ajudar a diferenciar o bem e o mal?
A pedido da direção, nós trabalhamos com um céu mais limpo, com tons mais frios e muito branco, tudo com muito foco e lentes mais abertas. O inferno mais quente com muito vermelho e nas áreas escuras lentes fechadas com muito desfoque.
Como foi o trabalho com o departamento de arte?
A integração entre arte e fotografia é fundamental num filme, ainda mais numa ficção como neste caso. O departamento de arte teve uma grande ajuda com o acesso a todo acervo do teatro municipal de SP, como objetos de cena e figurinos.
O que dizer do workflow de pós e qual foi a sua participação nele? E a correção de cor?
Filme de efeito com workflow pequeno não existe, esse em especial deu um grande trabalho, milhões de layers e muita computação gráfica. O Marcelo Sica, da Mistika, que o diga.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Fazer um filme dá muito trabalho e precisa de muita dedicação de todos os envolvidos. Parabéns ao diretor Toni Venturi pelo entrosamento com todos os departamentos, aos atores sempre dedicados, a minha equipe técnica (Gaffer, Grip e câmera) e, por fim, a assistente de direção Inês Mulin pela paciência comigo!
Ficha técnica:
Direção: Toni Venturi
Roteiro: José Roberto Torero, Caroline Fioratti e Marcus Aurelius Pimenta
Produção Associada: Cacá Diegues e Murilo Rosa
Produção Executiva: Rui Pires e André Montenegro
Direção de Fotografia: Carlos Zalasik
Direção de Arte: Ana Rita Bueno
Montagem: Ricardo Farias
Som Direto: Romeu Quinto, ABC
Música: Cacá Machado
Edição de Som: Beto Ferraz
Fotos: Beatriz Pontes