Por Lauro Escorel e Carlos Ebert
Nota: Esta entrevista foi realizada pouco antes do falecimento de Ugo Lombardi ocorrido em 6 de julho de 2002.
Seria uma situação delicada; afinal nosso entrevistado tinha 90 anos, estava acamado e sob cuidados médicos. Nem por isso nosso interesse no encontro diminuíra.
Enquanto cruzávamos o jardim da casa, ciceroneados pelo genro, o ator Carlos Alberto Ricelli, ainda buscávamos qual seria a melhor forma de aproximação para realizar a entrevista.
Uma vez no quarto, o próprio Ugo encarregou-se de desmistificar a imagem que tínhamos, e o que vimos foi um simpático “oriundi” com muita disposição para contar suas histórias.
Ugo Lombardi começou em Roma no final dos anos 20 como ajudante de seu irmão mais velho, Rodolfo, que era cinegrafista de atualidades. Rapidamente passou a cinegrafista, mas logo sentiu que sua vocação era o cinema de ficção.
Como assistente de Anchise Brizzi (“1860” 33, de Alessandro Blasetti), buscou os conhecimentos e a prática que lhe permitiram estrear como “capo operatori” em “Joe il rosso” 36, de Raffaello Matarazzo . Daí para frente construiu uma sólida carreira como diretor de fotografia no cinema italiano.
Fez de tudo: comédias, dramas, filmes históricos de época, e também alguns “telefono bianchi” – género de comédia ligeira então em voga, onde as protagonistas, mais por preguiça dos roteiristas do que por opção estilística, conduziam a trama através de intermináveis conversas telefônicas.