Por Danielle de Noronha
O novo filme de Roberto Gervitz, com fotografia de Lauro Escorel, ABC e direção de arte de Adrian Cooper, ABC, estreia na próxima quinta-feira, dia 05 de maio.
Baseado no livro “Mãos de Cavalo”, o longa conta a história de Hermano (Armando Babaioff), um médico bem-sucedido que está planejando uma escalada de alto risco em uma montanha na Terra do Fogo. Neste período, sua mulher Adri (Mariana Ximenes), com quem vive há sete anos, descobre que está grávida. Mesmo na iminência de se tornar pai, ele dá prosseguimento a seus planos. O que busca com tal decisão? Fuga, redenção ou castigo?
O diretor de fotografia Lauro Escorel conta sobre o projeto.
De que modo surgiu o convite para participar do filme e o que dizer da parceria com o Roberto Gervitz?
Roberto é um amigo de longa data e este é o segundo filme que fazemos juntos, antes eu já tinha fotografado “Jogo Subterrâneo” para ele. Roberto é um parceiro muito estimulante, sabe o que quer com seus filmes e abre espaço para a participação dos seus colaboradores no processo criativo, tirando assim o melhor de cada um de nós.
O diretor Roberto Gervitz, em entrevista para Thiago Stivaletti, contou que vocês começaram a discutir o tratamento visual do filme um ano e meio antes das filmagens e que estabeleceram uma paleta de cores mais frias “em consonância com a luz de outono/inverno porto-alegrense”. Como foi esse desenvolvimento dos conceitos de câmera e luz do filme?
Roberto sabia bem o que queria. O filme é narrado em dois tempos. Temos a narrativa do tempo presente, que é entremeada pelas lembranças do passado do personagem principal, a medida em que o filme se desenvolve. A diferença de épocas e de momentos vividos pelos dois personagens permitiu desenhar a fotografia no que diz respeito às cores e luzes e tratamento de câmera com climas diferenciados. Planos mais clássicos alternam-se com câmera na mão para melhor traduzir cada momento do drama que se desenvolve diante de nós. O colorido do filme é fruto desta parceria com o Adrian e com o Roberto inicialmente e complementado pelo trabalho de outro parceiro, o colorista Luciano Foca Santa Barbara da O2 digital.
Como foi a pré-produção? Quais testes foram realizados?
O período de pré-produção foi relativamente curto, mas com a integração existente entre Roberto, Adrian e eu, conseguimos equacionar as principais questões com bastante agilidade. Fizemos testes de câmera apenas para sacramentar o workflow junto a O2 digital, com o acompanhamento do Carlos Vecchi. Testes estes que foram importantes, para nos dar a tranquilidade necessária para o trabalho em um filme rodado em locação distante.
Nada melhor que trabalhar com amigos e parceiros de longa data, a comunicação é simples e direta. As questões são resolvidas de forma a atender as necessidades e possibilidades de cada departamento.
Quais câmeras foram escolhidas e por quê?
Nossa câmera principal foi a Sony F55. Captamos a imagem em 4K e finalizamos o filme em 2K. O filme teve muita câmera na mão e a F55, além de ter uma bela imagem, tem um peso e uma ergonomia que me pareceu adequada ao projeto. Além dela usamos: uma Canon C300 , Canon 5D e uma Go Pro Go para conseguir fazer certos planos e cobrir certos momentos bem específicos.
O que dizer das locações?
O filme é uma adaptação do livro “Mãos de Cavalo”, do Daniel Galera, e lembro dele comentar comigo, ainda na época da filmagem, da sua satisfação com os locais escolhidos, o acerto da Porto Alegre montada pelo Roberto e pelo Adrian, tudo a ver com os locais da sua memória de um outro tempo ao qual o filme se reporta.
Além disso, as cenas de escalada feitas na cachoeira de Farroupilha, escolhidas pela própria produtora Monica Schmiedt, ela mesma uma escaladora, enriqueceram sobremaneira o filme. Creio termos conseguido atingir um bom grau de realismo nas cenas de escalada. Isso só foi possível graças a um preciso storyboard e à dedicação do Babaioff aos seus treinos de escalada, que permitiram que o colocássemos em posições bastante difíceis para ser filmado.
O filme contou com profissionais de diversos lugares, como funcionou a integração entre as equipes?
Foi uma beleza, sempre tive enorme simpatia pelo sul e aqui repeti a agradável experiência que já tinha tido há muitos anos no meu filme “Sonho sem fim”. A equipe de Porto Alegre era ótima com destaque para meu gaffer Guilherme Kroeff e para o maquinista Christian Spanamberg e suas equipes. Além disso, a integração com os colegas que vieram do Uruguai foi muito boa, com Diego Ferrando e Fabian Oliver. Os meus assistentes de fotografia foram parceiros inestimáveis, Pedro Eliezer e Olivia Seiko me ajudaram muito. Preciso também lembrar da importante contribuição do Lula Cerri que foi nosso câmera nas cenas de escalada.
Você acompanhou a edição e a correção de cor? Como foram esses processos?
O filme foi editado pelo Manga Campion e pelo Roberto. Quando a montagem já estava bem encaminhada fui chamado com outros integrantes da equipe para ver o filme e trocar ideias com eles a respeito do filme e de eventuais questões fotográficas. Depois fizemos a correção de cores na O2 Digital com o Luciano Foca Santa Barbara e demos ao filme seu aspecto final. Neste momento valorizamos a impressão deixada em nós pela luz do Rio Grande com sua suavidade e luz invernal. Buscamos captar uma certa melancolia, que perpassa a trajetória dos personagens.
https://www.youtube.com/embed/hlmzknLQzm8
Ficha Técnica
Diretor: Roberto Gervitz
Roteiro: Roberto Gervitz
Produção: Monica Schmiedt
Produtor Associado: Cacá Diegues
Produção Executiva: Liliana Sulzbach, Monica Schmiedt
Direção de Fotografia: Lauro Escorel, ABC
Direção de Arte: Adrian Cooper, ABC
Técnico de Som Direto: Fabian Oliver
Desenho de Som e Mixagem: Kiko Ferraz e Christian Vaisz
Montagem: Manga Campion
Figurino: Taís Cardoso
Maquiagem: Estella Vallegra
DIT: Sydnei Magalhães