Por ABC
O Prêmio ABC é uma das mais importantes premiações do cinema nacional e no dia 29 de Maio, a premiação foi cheia de emoção, onde foram selecionados os melhores filmes nas categorias longas, curtas, filmes comerciais e programas de TV.
Perguntamos aos ganhadores sobre a importância do Prêmio ABC e pedimos para nos contar como foi a experiência de fazer o filme:
Ricardo Della Rosa, ganhador do prêmio de Melhor direção de fotografia em À Deriva :
“Apesar de já eu ter ganho outros dois prêmios por este filme, considero que ganhar o Premio ABC é o real reconhecimento e consagração do meu trabalho, por ser fruto de uma votação realizada por quem mais entende deste assunto. Tenho muito orgulho e certeza de que vale a pena fazer parte deste grupo tão especial.
A maior lição que tiro do processo do filme A Deriva, é a confirmação de que um filme só se faz com muita parceria tanto do diretor quanto da equipe. Neste filme, tive cumplicidade e confiança com o Heitor Dhalia e a dedicação total da minha equipe de câmera (Samori, Breno, Eric e todos seus assistentes), de elétrica (Ulisses e cia.)e maquinaria (mineiro e cia.) e claro a Guta (diretora de arte) quem me proporcionou tão bom material para ser filmado.”
Adrian Tejido, ganhador do prêmio de Melhor Direção de Fotografia para Programa de TV com FIlhos do Carnaval – Vala Comum:
“É o prêmio mais importante que se pode ganhar na nossa área, pois a votação é feita pelos próprios colegas! Representa hoje um reconhecimento de qualidade em toda a área cinematográfica. Profissionais que não conheço pessoalmente me mandam congratulações.
Filhos do Carnaval foi filmado em Super 16. Este é o formato mais adequado em termos estéticos e estratégicos, pois nos deu uma agilidade incrível, que nos ajudou a cumprir nosso plano de filmagem, que era bem corrido. A série tem roteiro de Helena Soares e direção geral de Cao Hambúrguer. Dividi a série com o Adriano Goldman e foi muito interessante não detectar quem fotografou um ou outro episódio, pois a estética imperou independente do Diretor de Fotografia. Isso foi conquistado após várias conversas conceituais. Acho um excelente exemplo de como se pode trabalhar em mini séries que é um segmento que cresceu muito nos últimos anos.”
Leandro Lima, ganhador do prêmio de Melhor Som em Contador de Histórias:
“Para mim, o mais importante é o reconhecimento pelo nosso trabalho, vindo dos técnicos que estão nos sets de filmagens e que sabem das dificuldades, qualidades e o diferencial do trabalho que estamos fazendo.
É muito importante que os segmentos do som nos filmes estejam sincronizados, tenho um estúdio de edição de som (www.malocaestudio.com) e agora participando de todo o processo de som nos filmes, vejo como é importante os encontros com o editor de som (ou Supervisor de edição de som) antes das filmagens para ouvirmos dicas e observações que quando estamos apenas no set, podem passar desapercebido”.
Cássio Amarante, ganhador do prêmio de Melhor Direção de Arte, com Som e Fúria:
“Para mim o prêmio tem a maior importância na medida que é concedido por quem entende muito de cinema. Além disso tenho fotógrafos parceiros, cuja atividade, complementa a minha. Como arquiteto encontrei no cinema parcerias que na arquitetura são muito difíceis, e no cinema são prática.
O filme é um condensado da primeira temporada da série de TV, feito por uma equipe genuína de cinema. O Fernando convidou as pessoas com que ele vem trabalhando a muito tempo na O2, somos todos da mesma geração.
Acho que o trabalho em “Som e Fúria”, realizado em digital com câmeras RED, me ensinou que o segredo da execução do filme está no rigor que aprendemos fazendo cinema e não no negativo. Há uma cerimônia em torno da câmera, um rigor na construção da imagem, que, certamente, faz toda a diferença no produto final”.
Guga Millet, ganhador do prêmio de Melhor Direção de Fotografia para Curta-metragem, com Casulo:
“Receber o Prêmio ABC é uma honra imensa. É o reconhecimento dos meus colegas e mestres, pessoas que eu admiro e me espelho, escolhendo o meu trabalho como o melhor do ano”.
“Casulo foi um filme de parceria. Acho que uma das coisas mais importantes nesse projeto foi entender o quê e como estávamos fazendo.
Nós não alteramos nosso processo de realização do filme por conta de filmarmos em digital. A maior diferença foi não descarregamos o material exposto em saco preto, ele ia direto para o computador, fora isso, tudo foi igual. Sabíamos das limitações da câmera, expusemos nosso material levando isso em consideração, sempre ficando dentro da latitude, e não permitimos que a “liberdade” do digital contaminasse a equipe com insegurança. Ou seja, rodamos o número de takes que precisamos, nem mais e nem menos e os planos que planejamos e queríamos. Havia um espaço para descobrir coisas na hora, mas chegávamos no set sabendo o que era preciso para fazer o filme funcionar. Isso significa que não tivemos horas de material pra fazer um curta-metragem, senão me engano, rodamos numa razão de 8:1.
Acredito que entendendo e conhecendo o digital, tanto em pós como na captação, as ferramentas do fotógrafo se ampliam. Quando as ferramentas são bem utilizadas, em pró da história, o filme sempre é favorecido, e acredito que “Casulo” seja um bom exemplo disso.
A outra coisa, sem sombra de dúvidas, foi o diálogo, principalmente entre fotografia e direção. Conversamos sobre o projeto por quase um ano e planejamos o filme por uns dois meses antes de começarmos a rodar. Testamos câmeras, processos, enquadramentos, estética, cores, luzes e várias outras coisas antes de irmos pro set. Toda vez que tivemos alguma dúvida, o Bernardo [diretor] me dizia “Vamos fazer o mais bonito” e foi isso que fizemos”.