Até 30 de março, Masp exibe trilogia de filmes sobre a Rodovia Transamazônica

Janaina Wagner 2021 Curupira E A Maquina Do Destino
Cena de “Curupira e a máquina do destino” (2021), de Janaina Wagner. Foto: Reprodução

De 7 de fevereiro a 30 de março, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) apresenta a mostra “Sala de Vídeo: Janaina Wagner”. O projeto marca a estreia do documentário experimental “Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos” (2025), de Janaina Wagner, que tem como elemento central a BR-230, conhecida como Rodovia Transamazônica.

Projetada para conectar a Amazônia à costa brasileira, a construção da Transamazônica, ocorrida durante o período militar, foi marcada por uma perspectiva extrativista e por tensões com as comunidades da região. A exposição destaca como a rodovia transformou a paisagem e deixou marcas profundas no meio ambiente e no cotidiano das populações locais, afetando tanto a cultura quanto a história do Brasil.

Com curadoria de Leandro Muniz, a sala de vídeo exibe uma trilogia de vídeos gravados no território amazônico: “Curupira e a máquina do destino” (2021), “Quebrante” (2024) e “Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos” (2025). Na trilogia, a rodovia inacabada dialoga com figuras do folclore brasileiro, criando metáforas críticas sobre a realidade do país. “A obra de Janaína Wagner se apropria de figuras mitológicas ou folclóricas para abordar conflitos reais, como é o caso do Curupira. O personagem carrega simbolismos marcantes, especialmente o detalhe dos pés para trás que andam para a frente, o que, no trabalho de Wagner, sugere as contradições do desenvolvimento predatório”, destaca Muniz.

Os documentários experimentais de Wagner criam ficções para refletir sobre a realidade, entrelaçando história da arte, cinema e literatura. O documentário “Iracema – uma transa amazônica” (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, foi uma referência central para a artista, que propôs uma continuação do longa-metragem ao contar novas histórias sobre o que acontece nas margens da rodovia BR-230. Um exemplo é “Curupira e a máquina do destino”, filmado no distrito de Realidade (AM), que narra o encontro entre uma curupira e o fantasma encarnado de Iracema, personagem fictícia do filme de 1974.

Em Rurópolis (PA), primeira cidade fundada na BR-230 para servir de base aos trabalhadores que a construíram, transcorre “Quebrante” (2024). O vídeo acompanha Dona Erismar, professora aposentada que descobriu as cavernas da região e ficou conhecida como “A Mulher das Cavernas”.

Encerrando a trilogia de pesquisa de Janaina Wagner sobre a Rodovia Transamazônica, “Quando o segundo sol chegar / um cometa nos teus olhos” anuncia a aproximação de um segundo Sol e a catástrofe causada pela crise climática.

“Sala de Vídeo: Janaina Wagner” é a primeira exibição de 2025 no Masp, que, ao longo do ano, incluirá mostras audiovisuais de Emilija Škarnulytè, Maya Watanabe, Inuk Silis Høegh, Tania Ximena e Vídeo nas Aldeias. A Sala de Vídeo integra a programação anual do museu dedicada às Histórias da Ecologia.

A artista Janaina Wagner produz vídeos, fotografias, desenhos e instalações que misturam registros históricos e ficções, reflexões críticas e mitologias diversas a respeito de temas como a crise climática, paisagens e de que forma as interações humanas formam os espaços. A artista parte de trechos da história do cinema e da literatura para criar outras histórias, agregando complexidade às obras originais.

SERVIÇO:

“Sala de vídeo: Janaina Wagner
7/2 — 30/3/25
2° subsolo, Edifício Lina Bo Bardi
Endereço: Avenida Paulista, 1.578 – Bela Vista – São Paulo (SP)
Curadoria: Leandro Muniz
Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas.
Agendamento online obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada).

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