A primeira retrospectiva dedicada ao trabalho da atriz Léa Garcia (1933-2023) celebra a obra de uma das figuras mais icônicas do cinema brasileiro e sua importância histórica. Até 4 de novembro, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB-RJ) apresenta a mostra “Léa Garcia – 90 anos”, que reúne 15 longas e um curta-metragem protagonizados pela artista carioca. A programação tem entrada franca e faz parte das comemorações pelos 35 anos do CCBB-RJ.
Os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral selecionaram títulos marcantes da carreira de Léa Garcia, que destacam seu pioneirismo como protagonista negra no cinema brasileiro. Os filmes serão exibidos, em sua maioria, em cópias em 35mm, oferecendo ao público uma oportunidade rara de assistir às obras no formato original.
A atriz faleceu em 15 de agosto de 2023, durante o 51º Festival de Cinema de Gramado, onde receberia o Prêmio Oscarito, a maior honraria do evento, pelo conjunto de sua obra. Foi em Gramado também que Léa ganhou outros dois prêmios importantes de sua carreira: o Kikito de Melhor Atriz e o Prêmio do Júri Popular, em 2004, por “Filhas do Vento”, de Joel Zito Araújo, que também será exibido na mostra do CCBB-RJ.
O filme de estreia de Léa Garcia no cinema, “Orfeu do Carnaval”, de Marcel Camus, é outro destaque da mostra. O longa – que ganhou a Palma de Ouro no Festival e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, pela França – lhe rendeu a indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, em 1959.
Segundo os curadores Ewerton Belico e Leonardo Amaral, a mostra cobre um amplo arco temporal da carreira de Léa Garcia, desde seu filme de estreia até seu último longa, “O Pai da Rita” (2022), de Joel Zito Araújo, seu parceiro criativo mais fecundo. A retrospectiva também passa por obras importantes de várias décadas, como “Ganga Zumba”(1963), de Carlos Diegues, e “Compasso de Espera” (1969-1973), de Antunes Filho.
Léa Garcia é uma das principais atrizes negras do país, com uma atuação importantíssima no teatro – participou do Teatro Experimental do Negro, iniciativa pioneira e uma das mais relevantes já realizadas pelo teatro afro-brasileiro –, no cinema e na televisão. Além disso, teve notório engajamento político, a partir das personagens às quais deu corpo e voz.
No dia 30 de outubro (quarta), a cineasta e pesquisadora Milena Manfredini vai comentar a sessão do filme “A Deusa Negra”, às 18h. Já o pesquisador e programador Hernani Heffner estará presente na sessão de “Ganga Zumba”, no dia 2 de novembro (sábado), às 16h, para em seguida bater um papo com o público.
A mostra “Léa Garcia – 90 anos” já foi apresentada no CCBB São Paulo (de 25 de maio a 3 de junho) e, logo depois do Rio, seguirá para o CCBB Brasília (de 5 de novembro a 1º de dezembro).
SERVIÇO:
“Léa Garcia – 90 Anos”
Curadoria: Ewerton Belico e Leonardo Amaral
Produção: Vasto Mundo
Produção executiva: Marisa Merlo
Confira a programação completa em ccbb.com.br/rio-de-janeiro/programacao/mostra-lea-garcia/.
