Oficina gratuita de cinema busca capacitar mulheres para uma carreira do audiovisual

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“Eu faço a contagem de funcionários e estou de volta ao mesmo lugar, trabalhando com homens com quem adoro trabalhar e respeito, [mas] estou entrando no set e há 50 pessoas e há 3 mulheres. Quando isso vai mudar de verdade?”. Esta é uma fala da atriz Cate Blanchett, durante um evento da programação do Festival de Cannes deste ano, que reforça a falta de mulheres no audiovisual em âmbito mundial. Mas este cenário está prestes a mudar no Brasil.

Idealizado pela jornalista, cineasta e fundadora da Mulier, Deyse Reis, o projeto “Mulier em Cena” é uma oficina de produção cinematográfica exclusiva para mulheres, aprovada e incentivada pelo edital 14/2023 da Lei Paulo Gustavo. O projeto, elaborado durante o ano passado, agora tem data para acontecer: de 9 de agosto a 8 de outubro, em São Paulo, dentro da Nave Coletiva, espaço do Mídia Ninja. A oficina tem o intuito educativo com o objetivo de inserir mais mulheres no mercado de trabalho.

“Este projeto é apenas o início. Quero capacitá-las em diferentes setores do audiovisual para promover uma presença maior de mulheres nos sets e nos cargos de decisão “, comenta Deyse que, com sua vasta bagagem no cinema brasileiro, sabe das poucas oportunidades para mulheres no setor.

Na mais recente pesquisa realizada pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), em 2018, foi constatado que 20% dos longas-metragens nacionais, lançados em salas de exibição, foram dirigidos por mulheres e 25% dos roteiros foram assinados por elas. Dentre os roteiros, as mulheres participaram de 30% dos filmes de animação, 30% dos documentários e 20% de ficção. Funções técnicas, como direção de fotografia, por exemplo, é predominantemente ocupada por homens, totalizando 83% dos dados.
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Ainda nesta pesquisa, como aponta o site da ABC, foi mapeado o perfil de emprego no audiovisual e as mulheres ocupam apenas 40% dos cargos no setor, recebendo 13% menos do que os homens.

Alternativa

Como saída a este cenário, a oficina foi estruturada para habilitar e inspirar mulheres na indústria do cinema, promovendo representatividade, desenvolvimento de aptidões técnicas, criatividade, autoexpressão, networking e equidade de gênero. A ideia é criar um espaço inclusivo onde mulheres possam contar suas histórias e contribuir para um mercado mais plural e autêntico.
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Assim, o próprio corpo docente é formado apenas por mulheres com carreiras sólidas dentro do audiovisual. Entre os nomes: Deyse Reis, cineasta e fundadora da produtora Mulier Filmes, com trabalhos na Discovery Plus, Amazon Prime, Disney Plus e HBO Max; Luciana Stipp, produtora e diretora, com trabalhos na Netflix; Izah Neiva, diretora, produtora e atriz; Aninha Gonçalves, radialista e coordenadora de pós-produção da Paranoid Filmes, com trabalhos na Globoplay e Netflix e Denise Jancar, executiva, distribuidora de filmes e agente de vendas. “O projeto também pode inspirar mudanças em currículos acadêmicos e programas de formação, além de atrair investimentos e parcerias que apoiem iniciativas voltadas para mulheres”, complementa Deyse.
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A diversidade e inclusão também são premissas do projeto, que está aberto a mulheres a partir de 18 anos e contará com intérprete de libras para acolher alunas com deficiência auditiva, além de um espaço com acessibilidade para cadeira de rodas e muletas.
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Inscrições

São 60 vagas ao todo, e as inscrições acontecem durante todo o mês de julho, a partir do dia primeiro, pelo site da Mulier Filmes e do Cine Ninja, por ordem de entrega dos formulários respondidos. Os encontros, 18 no total, serão às terças e sextas, das 19h às 22h, com recebimento do certificado profissionalizante de produção cinematográfica ao final do curso. As alunas contarão ainda com material didático impresso, lanches individuais e transporte (pós-aula) até a estação de metrô mais próxima. Vale ressaltar que tudo é gratuito na oficina.

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