A Semana ABC 2022 aconteceu entre os dias 25 e 27 de maio, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A 20ª edição do evento marcou o seu retorno presencial e ao local tradicional de sua realização. Estiveram presentes diversos profissionais e empresas envolvidos com o universo do audiovisual, que debateram diferentes temas atuais da cinematografia, e alcançou um público médio de 1000 pessoas por dia, além daquelas que acompanharam as mesas de forma virtual pelo YouTube.
Este ano, além das mesas de debates, a Semana ABC também apresentou a conhecida exposição de equipamentos e serviços com a presença das empresas e instituições Aputure, ARRI, Canon, Cineshop, Electrica, Grip Support, Ligth Motion, Locall, Marc Filmes, Máxi Aúdio, Monstercam, Nanlux, Nay Movie, Next Move, Quanta, Sindcine, Sony e ZEISS, que levaram para a Cinemateca as novidades do mercado e a possibilidade das pessoas presentes testarem e conhecerem mais sobre seus equipamentos e serviços.
Também aconteceu, em paralelo à programação da Semana, uma exposição de câmeras analógicas, organizada pelo diretor de fotografia Nestor Grun, e o lançamento do livro “Trabalhadoras do Cinema Brasileiro”, organizado pela professora, pesquisadora e diretora de fotografia Marina Cavalcanti Tedesco.
O primeiro dia da Semana ABC 2022 começou com uma abertura com a presidenta da ABC e técnica de som direto, Tide Borges, e da diretora da Cinemateca Brasileira Maria Dora Mourão. Tide e Dora comemoraram em suas falas a reabertura da Cinemateca Brasileira e o retorno da Semana ABC ao presencial. Tide também aproveitou a ocasião para anunciar o projeto de mentoria, organizado pelo GT Inclusão, APAN/RAIO e DAFB, para ampliar a diversidade na direção de fotografia.
O projeto Mentorias de Talentos Brasil pretende certificar pessoas de grupos subrrepresentados na Direção de Fotografia do audiovisual brasileiro para projetos de grandes orçamentos. Nossa proposta é selecionar pessoas para receberem mentoria de profissionais da direção de fotografia conceituados, além de proporcionar cursos de aperfeiçoamento técnico e artístico durante 6 meses, para que possamos apresentar ao mercado profissional um catálogo de profissionais que estejam aptos a assumir a reponsabilidade de um grande projeto.
Na sequência, o evento recebeu a primeira mesa, “Diálogo para um melhor Som: Produção, Captação e Pós”, que contou com mediação de Maria Muricy, ABC e com a presença do platô Erik Vitor, do técnico de som direto George Saldanha, do coordenador de pós Luis Dreyfuss e da supervisora de pós de som Miriam Biderman, ABC. A equipe discutiu as especificidades das diferentes equipes para a construção sonora de um filme, pensando desde a pré até a pós, destacando questões como a escolha das locações e a colaboração da produção de set para uma melhor captação de som direto.
Depois, foi a vez do debate o “Cinema na arte contemporânea”, mediado pela professora e artista visual Katia Maciel, direto de Nova Iorque, com a presença da cineasta e pesquisadora Ana Vaz, que estava em Paris, e Lucas Bambozzi, artista e pesquisador em mídias digitais, que estava presencialmente na Cinemateca. As pessoas participantes conversaram sobre as relações entre cinema e arte, refletindo sobre as possibilidades do audiovisual para além dos seus espaços tradicionais de exibição, como em museus, instalações, como também outras formas de produção.
Na sequência, a ARRI fez a apresentação “Diferenças e desafios entre s35 e large format na filmagem”, mediada por Mário Jannini, Diretor Técnico de serviços da ARRI Brasil, que trouxe soluções da ARRI para atender os novos padrões de qualidade. A mesa ainda teve a participação da primeira assistente de câmera Patrícia Gimenez, da TID Vanessa Alves e do diretor de fotografia Pepe Mendes, que apresentou o seu trabalho nos filmes ‘Invisible’ (2019) e Jepotá (2022).
A mesa “Transgredir e Criar. A importância da pesquisa criativa para a obra cinematográfica de ficção” fechou a programação presencial com mediação do diretor de fotografia Rodrigo Monte, ABC, a roteirista Carla Meireles, a diretora de arte Guta Carvalho, o diretor Luis Pinheiro e a pesquisadora Vera Esteves. Utilizando o exemplo da série Manhãs de Setembro, as pessoas presentes discutiram sobre o desenvolvimento da série pensando em suas diversas etapas, passando pela pesquisa, roteiro, arte e direção.
Para finalizar, aconteceu às 21h a primeira edição da Masterclass FELAFC online, que foi ministrada pelo diretor de fotografia Affonso Beato, ASC, ABC e apresentou o método de análise da imagem cinematográfica. O evento deu início ao novo projeto de formação profissional gratuito da FELAFC que será desenvolvido durante todo o ano. As aulas contarão com a presença de diferentes profissionais, que irão apresentar diversas questões referentes à cinematografia.
O segundo dia iniciou com a mesa “Inserção e diversidade no mercado audiovisual e as formas de acesso = inovação inclusiva”, mediada por Marcia Vaz e com participação de Fernanda Ligabue, cinegrafista e documentarista, Hellen Braga, diretora de fotografia, e Rosa Caldeira, roteirista e diretor, presentes no evento, e da produtora Fernanda Lomba e da cineasta Kujãesage Kaiabi, que participaram virtualmente. O debate levantou alguns caminhos para um cinema e audiovisual mais plurais e diversos em todas as suas etapas de produção e apontou algumas dificuldades que são encontradas por mulheres, pessoas negras, trans e indígenas, bem como localizadas fora do eixo Rio-São Paulo, para conseguirem melhores oportunidades de trabalho.
Na sequência, o evento recebeu a conversa “Coloristas no Brasil – Desafios, oportunidades e criatividade”, com mediação de Paulo M. de Andrade, ABC e Eduarda Tavares, que contou com mais quatro coloristas que discutiram sobre os desafios e suas experiências profissionais, tanto em termos tecnológicos quanto artísticos.
A próxima mesa foi uma apresentação da Canon sobre HDR, mediada por Bruno Massao, executivo de contas Cinema EOS & Vídeo Profissional da Canon, que trouxe o diretor e diretor de fotografia João Castelo Branco, a produtora executiva Andréia Kalaboa e o colorista e DIT Rafael para conversarem sobre o trabalho que realizaram com HDR no curta “Um Lugar bem Longe”. O debate explorou as possibilidades criativas e um workflow inteiro em HDR com curva PQ.
Para finalizar o dia na Cinemateca Brasileira, aconteceu a mesa “Transcriações artísticas e poéticas com a direção de arte – diálogos possíveis entre processos e materialidades”, com a diretora de arte e cineasta Bea Gerolin, o diretor de arte Diogo Hayashi, a diretora de arte Vera Hamburger, ABC e com mediação de Monica Palazzo. A partir de alguns trabalhos que realizaram, as pessoas participantes discutiram seus processos criativos e artísticos para o desenvolvimento de obras audiovisuais. A mesa também prestou uma homenagem à maquiadora Ebony, que morreu no começo deste mês.
Por fim, aconteceu no YouTube a segunda Masterclass FELAFC, “A Construção da Imagem Cinematográfica”, ministrada pela diretora de fotografia peruana Micaela Cajahuaringa, DFP.
O seu último dia do evento começou com o debate ‘As realidades da e do profissional do audiovisual’, com mediação de Roberto Faissal, ABC e a presença de Denise Garrido, executiva da área de talentos criativos e especialista em Liderança e Gestão de pessoas, Psicologia Positiva, Neurociência e comportamento, e do Steve Solot, presidente da Latin American Training Center-LATC do Rio de Janeiro, que tratou sobre o desafio das deficiências da força de trabalho para a produção de conteúdo AV no Brasil e América Latina e sobre o desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho do audiovisual.
Steve apresentou um projeto de capacitação de profissionais do audiovisual da LATC e ABC Cursos de Cinema para a Spcine e Rio Filmes, Denise falou, entre outras coisas, sobre como os princípios da psicologia positiva, neurociência e design emocional podem ajudar no desenvolvimento de profissionais da área e Faissal tratou do programa de Bolsas de Inclusão Social da ABC Cursos de Cinema.
O turno da tarde começou com a mesa ‘A montagem compartilhada‘, organizada pelas associações ABC, edt. e AMC e que contou com mediação de Diana Vasconcellos, ABC e Idê Lacreta, ABC e presença de Giba Assis Brasil, montador, diretor e roteirista, Karen Harley, diretora e montadora, e Leticia Giffoni, AMC, montadora. As pessoas participantes conversaram sobre os processos de montagem dividida com outras e outros profissionais, tanto em projetos de longas quanto de documentários.
Além disso, foi nesse dia que também houve o lançamento do livro ‘Trabalhadoras do Cinema Brasileiro’, que contou com a presença das autoras Tide Borges e Debora Taño.
Na sequência, o evento contou com a apresentação da ZEISS, mediada pelo diretor de vendas de cinema da ZEISS, Américas, Snehal Patel, que trouxe uma conversa entre o diretor de fotografia brasileiro Lito Mendes da Rocha, ABC e a diretora de fotografia argentina Victoria Panero, ADF, que trouxeram experiências de trabalhos que realizaram utilizando equipamentos ZEISS.
Por fim, a Semana ABC deste ano encerrou com a apresentação da diretora de fotografia Maryse Alberti, mediada por Fernanda Tanaka, ABC, que apresentou diversos exemplos de sua carreira. Alberti assinou a fotografia de filmes como “O Lutador”, “A Visita”, “Amor Por Direito”, “Beleza Oculta”, entre outros, e discutiu sobre temas como processos criativos, escolha de câmeras e objetivas e trabalho com o diretor(a) de arte.
Prêmio ABC 2022
Na cerimônia de encerramento da Semana ABC, dia 28 de maio, foram anunciados os trabalhos ganhadores do Prêmio ABC 2022, quando foram prestigiados as e os profissionais que mais se destacaram na cinematografia brasileira em 2021 segundo as sócias e os sócios da ABC.
A cerimônia foi apresentada pela atriz Onna Silva. O filme ‘Marighella’ foi o grande premiado da noite e levou os quatro prêmios para longa-metragem de ficção: fotografia (Adrian Teijido, ABC), direção de arte (Frederico Pinto, ABC), montagem (Lucas Gonzaga) e som (George Saldanha, ABC, Eduardo Virmond e Alessandro Laroca).
Para as categorias para longa-metragem documentário, Julia Equi, ABC recebeu o prêmio de melhor direção de fotografia para por ‘Apenas Meninas’, Jakob Krese, Danilo do Carmo, Arne Büttner, Ruben Valdes e Daniel Turini foram os premiados como equipe de som por ‘Lo que queda en el camino’, e Tali Yankelevich recebeu o prêmio pela montagem de ‘Cravos’.
Nas categorias para série de TV, ‘Dom’ se destacou recebendo os prêmios de fotografia, para Adrian Teijido e Léo Ferreira, e equipe de som, para Valéria Martins Ferro, Eduardo Virmond Lima e Alessandro Laroca, e ‘Manhãs de Setembro’ levou o prêmio de melhor direção de arte, entregue para Guta Carvalho.
Nas demais categorias para fotografia, foram premiados: Victor Alencar pelo curta ‘Eu não sou alguém?’; Yuri Maranhão pelo videoclipe ‘Medo’, da banda Terno Rei; Pepe Mendes pelo filme publicitário ‘Oakley – Italo Ferreira’ e André Marchetti Berna Prata pelo filme estudantil ‘Fique na luz’, realizado na FAAP.
Os prêmios foram entregues pelas atrizes Amanda Azevedo, Fernanda Vasconcellos, Marina Mathey, Olivia Torres e Tais Abujanra; pelos atores Jorge Paz, Luiz Carlos Vasconcelos, Luiz Navarro e Rafael Losso, pelo diretor Roberto Gervitz; pela diretora de fotografia Marysi Alberti, pela técnica de som Tide Borges e representantes das empresas parceiras.
Este ano, o homenageado da noite foi o diretor de fotografia Lauro Escorel, ABC, por seu trabalho na cinematografia brasileira. Além disso, foram anunciadas as e os profissionais que recebram o direito de assinar com a sigla ABC: a diretora de fotografia Julia Equi, ABC, os diretores de fotografia André Modugno, ABC, Alexandre Samori, ABC, Pedro Sotero, ABC, Rui Poças, ABC, o operador de câmera Nelson Kao, ABC, a colorista Samanta do Amaral, ABC, os técnicos de som José Louzeiro, ABC, Heron Alencar, ABC e George Saldanha, ABC e a diretora de arte Carla Caffé, ABC.
Os trabalhoos vencedores foram escolhidos por meio de votação das sócias e dos sócios da ABC, em dois turnos. O primeiro turno selecionou os sete trabalhos finalistas que foram para a votação final que elegeu o grande vencedor. Já os Filmes Estudantis são indicados pelas Instituições de Ensino Audiovisual e o curta vencedor foi escolhido por um júri formado pelos diretores de fotografia que compõem a Diretoria da ABC.
Confira a lista completa dos vencedores:
Melhor Direção de Fotografia Longa-Metragem Ficção
“Marighella”, Adrian Teijido, ABC
Melhor Direção de Fotografia Longa-Metragem Documentário
“Apenas Meninas”, Julia Equi, ABC
Melhor Direção de Arte Longa-Metragem Ficção
“Marighella”, Frederico Pinto, ABC
Melhor Montagem Longa-Metragem Ficção
“Marighella”, Lucas Gonzaga
Melhor Montagem Longa-Metragem Documentário
“Cravos”, Tali Yankelevich
Melhor Equipe de Som Longa-Metragem Ficção
“Marighella”, George Saldanha, ABC, Eduardo Virmond e Alessandro Laroca
Melhor Equipe de Som Longa-Metragem Documentário
“Lo Que Queda En El Camino”, Jakob Krese, Danilo do Carmo, Arne Büttner, Ruben Valdes e Daniel Turini
Melhor Direção de Fotografia Curta-Metragem
“Mas eu não sou alguém?”, Victor Alencar
Melhor Direção de Fotografia Série de TV
“Dom” – Ep. 1, Adrian Teijido, ABC e Léo Ferreira
Melhor Direção de Arte Série de TV
“Manhãs de Setembro” – Ep. 2, Guta Carvalho
Melhor Equipe de Som Série de TV
“Dom” – Ep. 1, Valéria Martins Ferro, Eduardo Virmond Lima e Alessandro Laroca
Melhor Direção de Fotografia Videoclipe
“Medo” – Terno Rei, Yuri Maranhão
Melhor Direção de Fotografia Filme Publicitário
“Oakley – Italo Ferreira”, Pepe Mendes
Melhor Direção de Fotografia Filme Estudantil
“Fique na Luz”, André Marchetti Berna Prata (Fundação Armando Alvares Penteado)
A premiação está disponível no nosso canal do YouTube:
Fotos: Danielle de Noronha, João Victor Martini e Ricardo Alcará