Léo Bittencourt: “Quando Falta O Ar”

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Por Danielle de Noronha

No dia 9 de março estreou nas salas de cinema do país o filme “Quando falta o ar”, dirigido pelas irmãs Ana e Helena Petta. O documentário retrata o trabalho das e dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuaram na linha de frente do combate à pandemia da Covid-19. Vencedor do “É tudo verdade”, o filme aborda a pandemia com ênfase no cuidado, revelando a face humana da luta coletiva contra o novo coronavírus.

Filmado em diversas cidades brasileiras, o longa contou com direção de fotografia de Léo Bittencourt, com quem conversamos nesta entrevista sobre o trabalho no filme.

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Equipe de “Quando falta o ar”. Foto: Divulgação
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Léo, conte um pouco sobre o projeto do filme “Quando falta o ar” e sobre como aconteceu o convite para participar.

“Quando falta o Ar” nasce da percepção que a atuação fundamental do SUS em salvar vidas estava sendo feita pelo empenho, dedicação e resiliência individual de milhares de profissionais da saúde. Mais do que um grande e bem estruturado plano nacional de combate, que nunca chegou com eficiência, o que segurou o SUS foi a sua capilaridade e a estrutura consolidada há décadas por esses e essas profissionais. O filme é uma homenagem a esse trabalho coletivo e muitas vezes invisível de tantos brasileiros e brasileiras.

As diretoras tinham como objetivo filmar a atuação das personagens in loco, registrando o trabalho como se não houvesse uma equipe de filmagem. Esse estilo de documentário foi a minha especialidade durante anos. Ana e a Helena conheciam o meu trabalho por meio do filme “Diz a ela que me viu chorar”, da Maira Bühler, sobre o projeto de redução de danos da prefeitura de SP na região da “cracolândia”.  Assim como o “Quando Falta o Ar”, o filme “Diz a ela que me viu chorar” não tem entrevistas e acompanhou de perto os últimos seis meses do projeto. Para quem se interessa em filmes sobre projetos públicos ligados às questões de saúde e saúde mental, eu recomendo ambos os filmes.

Qual foi o período de preparação e filmagem do documentário e como estava organizada a equipe? Por estarem diretamente em contato com agentes e espaços de saúde, como foram os protocolos contra a Covid-19?

Tivemos cerca de 2 meses de preparação antes do início da primeira etapa de filmagem, que se deu no Hospital das Clínicas de SP, na virada de setembro para outubro de 2020. Filmamos em cinco estados, Amazonas, Bahia, Pará, Pernambuco e São Paulo, por um período de 3 meses e meio, encerrando as filmagens em janeiro de 2021.

Nossos protocolos precisavam ser bem rígidos para que a equipe não se transformasse num vetor de contaminação, lembrando que nessa época ainda não existia vacina e o número de mortes por dia já passava a casa dos milhares. Testávamos com muita frequência, não podíamos encontrar com pessoas fora da equipe, usávamos diversos EPIs, como máscara, óculos, macacão e luvas. Após as filmagens, tínhamos que limpar rigorosamente todos os equipamentos e irmos direto pro hotel. Uma prova que os protocolos funcionam é que nenhuma pessoa da equipe se contaminou.

Éramos seis pessoas no set: direção de Ana Petta e Helena Petta, eu na direção de fotografia, 1ª assistente de fotografia Marcella Alves, técnico de som Matias Bruno, produção executiva e direção de produção Thiago Franco, com assistência da Luiza Vassalo, além do apoio da equipe fixa da Paranoid e mais um produtor local e transporte em cada uma das nossas cinco viagens.

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Foto: Léo Bittencourt

Qual é a proposta da fotografia do filme e quais suas inspirações e referências?

Nossa principal referência foi o Frederick Wiseman, um dos cineastas que inaugura o estilo de filmagem observacional na década de 1960. O longa “Hospital”, de 1970, se tornou o nosso filme de estudo. A escolha de apostar em planos longos, que deixam o espectador e a espectadora acompanharem a dinâmica interna das cenas, com poucos planos de cobertura e com a câmera atenta às tensões próprias do trabalho, se deve muito à linguagem criada pelo Wiseman. Seus filmes foram fundamentais para discutirmos a proximidade que queríamos com a decupagem e também o estilo de movimentação com câmera na mão.

Somando ao principal enfoque observacional, as diretoras queriam trazer uma camada sensorial, com a câmera passeando pelas texturas da pele, água, equipamentos médicos. Apresentei alguns filmes do Apichatpong Weerasethakul e buscamos por imagens que trouxessem esse respiro, permitindo ao público refletir e entrar num estado mais contemplativo. Esse aspecto subjetivo da imagem foi muito bem aproveitado pela montagem do Paulo Celestino e complementado pelo desenho de som do Edson Secco, conferindo ao filme um fluxo contínuo, unindo as diferentes cidades e locações numa única onda, numa única experiência.

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Foto: Roberto Coelho

Outra importante referência foram as fotos do Tarso Sarraf, fotógrafo still brasileiro com trabalho na região Norte. Nós acompanhamos o andamento da pandemia pelas fotos do Tarso. Seu trabalho ajudou a nos preparar para as situações que iríamos encontrar nas filmagens. Tarso acompanhou o trabalho do SUS no atendimento aos ribeirinhos e as primeiras crises de falta de leito nos hospitais. Convidamo-lo para fazer as fotos still do filme e a sua experiência foi essencial para conseguirmos filmar bem e em pouco tempo.

Em linhas gerais, a nossa proposta fotográfica era seguir as personagens de perto, sem estetizar as cenas, tendo o cuidado em não expor os e as pacientes. Tivemos várias discussões éticas sobre como filmar. Mostrar de mais seria ofensivo aos pacientes, não mostrar ou mostrar de menos também. Nosso principal desafio foi encontrar esse tom tão delicado entre preservar a integridade das pessoas e, ao mesmo tempo, mostrar a dureza que é enfrentar uma pandemia.

O longa foi filmado em várias cidades brasileiras. Poderia contar um pouco sobre esse processo e as especificidades de cada região?

Em todas as etapas tínhamos o mesmo dilema, estávamos filmando pessoas em situação de vulnerabilidade. Enquanto filmávamos, não paramos de pensar que aquelas pessoas poderiam ser nossos pais, avós, amigos… As cenas eram espelhos que nos lembravam que poderíamos ser nós, na mesma situação, em poucos dias. As ações que vivenciávamos eram decisivas, podíamos a qualquer momento registrar a morte ou a melhora de uma pessoa.

Em São Paulo, quando filmamos na UTI do Hospital das Clínicas, só podíamos ficar por, no máximo, 3h diárias e tivemos autorização para filmar por pouquíssimos dias. Ana e Helena tinham que se revezar para acompanhar as cenas, porque só era permita a entrada de três pessoas por vez, uma diretora, o Matias Bruno técnico de som e eu na câmera. Não podíamos entrar com tripé nem mala de lentes, apenas a câmera. Devido à distância o comando de foco as vezes não funcionava. Cada minuto contava e tínhamos que nos virar.

Em Recife, acompanhamos a rotina de um posto de saúde. Começávamos o dia e não sabíamos o que teríamos pela frente. Fizemos longas caminhadas acompanhando os profissionais de saúde, seja nos atendimentos em casa, seja nas campanhas de conscientização nas ruas. Noutros dias, ficávamos de plantão dentro do posto, esperando para ver se surgia alguma ocorrência e aproveitávamos para filmar o cotidiano de exames.

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No Pará, filmamos sob um calor muito forte e usando vários EPIs como macacões, máscaras e luvas que deixavam o calor no limite do suportável. Nos trajetos de lancha para o atendimento aos ribeirinhos, não havia como avisar as comunidades da nossa ida e chegávamos parecendo alienígenas por causa dos EPIs. Assustávamos a população que precisava de um tempo até entender o que estava acontecendo. Sendo que o tempo é um dos fatores mais importantes num documentário de observação e uma das nossas maiores carências.

Durante a crise de oxigênio em Manaus, a nossa equipe não conseguiu ir até a cidade. Manaus estava em lockdown e não tinha voos comerciais na época. Ninguém entrava na cidade. Optamos por chamar um fotógrafo local, o Roberto Coelho. Fizemos algumas reuniões online, mostramos parte do material e ele foi sozinho gravar as cenas. Em Manaus não tínhamos autorização para ter uma equipe, apenas uma única pessoa foi autorizada a acompanhar o trabalho do SUS. É dele uma das cenas mais duras do filme, o processo de recolhimento de um corpo numa casa na periferia de Manaus.

Em Salvador, filmamos na penitenciária Lemos Brito. Durante a pandemia, o medo da contaminação deixa a situação de confinamento ainda mais cruel. Foi no Lemos Brito que filmamos uma das situações que mais me marcou, quando estávamos na ala destinada aos presos isolados devido à contaminação. O momento em que o médico passava com o resultado dos exames era muito impactante. Toda a ala reagia a cada pronunciamento do médico, repassando o resultado um a um, comemorando e rezando a cada novo resultado negativo.

Independente da especificidade de cada região, um dos grandes desafios do projeto foi a logística de organizar todas essas viagens no 1º ano de pandemia. O Thiago Franco, nosso produtor executivo e também diretor de produção, foi muito hábil e rápido para conseguir todas as autorizações e a organizar as viagens em tão pouco tempo. Nós tivemos um produtor local por região e eles foram excepcionais. Não tivemos nenhum percalço negativo em toda filmagem por causa desse time de produção. Faço questão de agradecer aos nossos produtores locais: João Lucas, Thamires Vieira, Paulo Augusto Mendes e Fabíola Menezes.

“Quando falta o ar” aborda um tema muito importante e que ainda precisa ser mais discutido e elaborado pela sociedade. Ao mesmo tempo, como já mencionou, para quem participa do documentário, é uma situação muito sensível. Quais os cuidados e as decisões que tomaram para preservar as pessoas que colaboraram, tanto pacientes quanto profissionais da saúde?

Conversamos longamente com todos os profissionais de saúde que participaram do filme e todos se engajaram com o projeto. Os pacientes, sempre que possível, explicávamos o filme antes de filmarmos as cenas ou no máximo logo após a filmagem, antes de pegar a autorização de imagem. Quando não era possível esse diálogo, tentávamos preservar suas identidades pelo enquadramento e tivemos apenas duas situações que foi necessário borrar a imagem para preservá-las. De maneira geral, mesmo em situações muito sensíveis, as pessoas entendiam a urgência do tema e colaboraram com a filmagem. Tivemos muito mais acesso do que imaginávamos no início das filmagens.

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Fotos: Léo Bittencourt

Quais câmeras e lentes foram utilizadas e por que elas foram escolhidas? Quais soluções encontraram para a iluminação?

A escolha pela câmera e pelo jogo de lentes teve um critério primordial, um equipamento que nos entregasse uma boa qualidade de imagem e que fosse rápido. Escolhemos a câmera Sony FX9 pelo seu workflow leve e os NDs internos eletrônicos que agilizam muito a mudança entre cenários distintos de luz.

Filmamos com apenas duas lentes zoom, a Fujinon MK 18-55mm e a MK 50-135mm. As MKs são lentes claras, com abertura de T2.9 em todo o range da zoom, muito leves e com um anel de macro embutido na lente que nos fui muito útil. Essas são lentes Super 35, então com a FX9 no modo Super 35 ao invés do Full Frame. Foi por causa dessas lentes que escolhemos a FX9 ao invés da FX6, que é uma câmera mais nova, mais leve e com maior sensibilidade à baixa luz que a FX9. No entanto, a FX6 não possui o recurso de filmarmos em Super 35, apenas em Full Frame e na época achamos que ter um kit de lentes rápidas e leves era mais importante que o peso ou a sensibilidade da câmera.

Filmamos aproveitando ao máximo a luz natural e a iluminação das próprias instituições. Não podíamos interferir nas locações e mesmo que pudéssemos, não tínhamos equipe nem equipamento. Tínhamos apenas um único painel de LED de média potência, isopor e pano preto. Esse kit de luz foi usado para as entrevistas com as nossas personagens principais. Sempre houve o desejo de usarmos apenas o áudio das entrevistas, costurando as situações filmadas em cinema direto. No entanto, como não sabíamos como seria a montagem, as entrevistas precisavam estar bem equilibradas e com um bom contraste, e esse pequeno kit de iluminação foi imprescindível.

Alcançamos o resultado estético que desejávamos com o excelente trabalho de correção de cor da Luiza Cavanagh. A Luiza foi capaz de criar uma unidade cromática e juntos conseguimos dar um tom autoral para a imagem do filme. Foram duas semanas muito prazerosas ao seu lado na Quanta de SP.

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Foto: Léo Bittencourt

E como funcionou o workflow de pós e qual a sua participação nele?

Durante as filmagens, o material era copiado para os HDs pela Marcella Alves e o Thiago Franco, que se alternavam para não ficar cansativo de mais para uma única pessoa. O tempo de descarregar o material era contado na diária. Por isso, foi importante termos uma câmera que tivesse um workflow leve, tanto para diminuirmos o volume de HDs como também o tempo de copiar o material após o set.

Salvávamos todo o material em três cópias de segurança, que ficavam divididas entre pessoas diferentes da equipe. Ao final de cada etapa, o material era enviado ao Estúdio Quanta, que fazia o lab digital, passando o bruto em alta para o servidor e depois convertendo pra Apple Pro Res Proxy com áudio sincado pra montagem e com um Lut básico. Trabalhamos em 23.98fps ao longo de todo o processo. Os backups, tanto do material bruto quanto da versão aprovada, foram salvos em 2 LTOs.

Depois de feito a pós de imagem e som, geramos um DCP em 2K com som 5.1, aprovamos numa exibição teste num cinema comercial e o DCP finalizado foi enviado para os festivais. Eu não participei diretamente do processo de workflow. A cadeia de trabalho de gerenciamento do material ficou a cardo da equipe de pós da Paranoid e Quanta, sendo supervisionado pela Deinha Lopes e Aninha Gonçalves.

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Foto: Léo Bittencourt

O filme estreou nos cinemas no dia 9 de março e ainda está em cartaz em algumas cidades brasileiras. Qual a sua expectativa e qual contribuição que você acredita que ele possa dar para a compreensão tanto da pandemia quanto da importância do SUS?

Espero que o filme ajude a população brasileira em dois movimentos muito importantes e paralelos. Primeiro em não esquecermos o impacto da pandemia e o segundo em lembrarmos a importância do SUS.

A pandemia da Covid -9 fez um estrago enorme no mundo e no Brasil. Devemos respeito aos milhares que se foram, assistência às pessoas que ficaram com sequelas de saúde e desamparadas financeiramente. Todos e todas sofremos o impacto do vírus, mas famílias inteiras, em geral de baixa renda, foram afetadas diretamente. O impacto não foi igual nas diferentes camadas sociais e isso é um reflexo da nossa desigualdade, racismo e misoginia enraizados na sociedade. O país, mesmo após três anos do primeiro lockdown, ainda se recupera. A sociedade civil teve uma enorme atuação com diversas camadas se mobiliando. Tivemos enormes pontos positivos e negativos que não podemos esquecer, para que no futuro possamos aprender com os nossos erros.

Eu cresci ouvindo matérias jornalísticas falando dos problemas do SUS, que são vários e que de fato precisamos melhorar. A classe média inteira recorreu a planos de saúde privados. Nós, população brasileira, fomos deixando aos poucos de valorizar um dos nossos bens comuns mais importantes, o SUS. Ele é um programa de política pública revolucionário e fundamental para cuidar da saúde de um país tão grande e imensamente desigual. O desastre que representou a pandemia nos mostrou o quanto precisamos valorizar, consolidar e melhorar o SUS. Sem ele, não teremos futuro.

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Foto: Léo Bittencourt

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Sim, gostaria de agradecer. Ao cuidado, carinho e dedicação para conosco e para com os seus pacientes que testemunhei nas nossas personagens principais: Andreia Beatriz, Cleide Gardino, Conceição Maria Vicente, Ely Hywyxy Baniwa, Ho Yeh Li, Nivalda Alcantara Pastana, Rafaela Pacheco e Suzany Regina Lima da Silva. Agradecer também à cooperação de todas as pessoas que aparecem no documentário, que nos deram suporte, abriram suas casas, nos deram sabedoria e um dedo de prosa ou abraço ao longo das filmagens. Por último e não menos importante, gostaria de agradecer a Deinha Lopes, Helena Petta, Thiago Franco e a Valquiria Oliveira por toda a enorme ajuda, informações e sugestões dadas para que eu fosse capaz de responder minimante às perguntas da ABC.

Ficha Técnica

Com: Andreia Beatriz, Cleide Gardino, Conceição Maria Vicente, Ely Hywyxy Baniwa, Ho Yeh Li, Nivalda Alcantara Pastana, Rafaela Pacheco e Suzany Regina Lima da Silva

Direção: Ana Petta & Helena Petta
Roteiro: Ana Petta, Helena Petta e Paulo Celestino
Produção: Manoel Rangel, Pedro Betti, Egisto Betti, Heitor Dhalia
Produção Associada: Ana Petta, Helena Petta, Miguel Lago e Arthur Aguillar
Produção Executiva: Thiago Franco
Direção de Produção: Thiago Franco
Coordenação Executiva: Carol Scalice e Luciano Salim
Direção de Fotografia: Léo Bittencourt
Montagem: Paulo Celestino
Cor: uiza Cavanagh
Desenho de som e Mixagem: Edson Secco
Som Direto: Matias Bruno
Coordenação de Pós Produção: Deinha Lopes & Aninha Gonçalves
Assistente de Câmera: Marcella Alves
Finalização: Bruno Magosso
Controller: Vivian Marroque
Assistente de Produção Executiva: Luiza Vassalo
Proutor Local (Recife): João Lucas
Produtor Local (Salvador): Thamires Vieira
Produtor Local (Pará): Paulo Augusto Mendes
Captação Adicional Manaus – Imagens: Roberto Coelho
Captação Adicional Manaus – Som Direto: Heverson Batata
Captação Adicional Manaus – Produção Local: Fabíola Menezes
Imagens adicionais Santo André: Jonne Roriz
Assistência Criativa (desenvolvimento): Luis Michelazzo
Cartaz e Tipografia: Leandro Ibarra
Still (SP): Stela Murgel
Still (PA): Tarso Sarraf
Still (PE): Victor Jucá
Consultoria de Roteiro e Montagem: Joana Collier
Consultoria de Edição: Eduardo Valente
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