Por Lauro Escorel, ABC
Entre os dias 6 e 9 de junho, atendendo a um convite da American Society of Cinematographers (ASC), a ABC participou da Conferência Internacional de Cinematografia (ICS 2016) junto a representantes de mais de 20 países, que se reuniram em Los Angeles para discutir assuntos de caráter profissional e tecnológicos, além de também buscar formas para que os diretores de fotografia possam manter a qualidade e a integridade artística das imagens que eles criam.
Pessoalmente, foi uma honra estar presente nessa conferência como representante da ABC, acompanhado pelo nosso colega Affonso Beato, ASC, ABC, e ter tido a oportunidade de trocar experiências com representantes de associações de todas as partes do mundo.
As preocupações dos Diretores de Fotografia com o exercício da profissão no momento presente foram debatidas ao longo desses quatro dias, a partir de apresentações dos representantes de algumas associações e de alguns técnicos e fornecedores da indústria cinematográfica norte-americana. Ocorreram também algumas apresentações de caráter meramente tecnológico, ligadas aos avanços propostos para o enriquecimento da experiência cinematográfica.
A seguir, busco apresentar as principais atividades desenvolvidas durante o evento e compartilhar com todos os sócios da ABC e demais leitores as minhas impressões para refletirmos também sobre o exercício da profissão aqui no Brasil.
Dia 1 – As boas vindas e os primeiros contatos
O encontro foi aberto com uma fala de boas vindas dada pelo presidente da ASC, Richard Crudo, que foi seguida pela apresentação dos representantes de cada país. Na sequência, passou-se a abordagem do primeiro tema proposto pela agenda: O futuro da Direção de Fotografia.
Ao fundo Vittorio Storaro faz suas colocações sobre o diretor de fotografia enquanto autor.
Diferentes delegados apresentaram suas considerações sobre o atual momento para o exercício da cinematografia em seus países. Estavam presentes, além dos anfitriões da ASC, representantes da Europa, Ásia e América Latina. O evento contou com mais de 35 delegados de países tão diversos como: Estônia, Venezuela, USA, Servia, Finlândia, França, Inglaterra, Portugal, Austrália, Holanda, Costa Rica, Dinamarca, México, Eslováquia, Malásia, China, Filipinas, Mongólia, Argentina, Suécia, El Salvador, Bélgica e Nova Zelândia.
A opinião consensual foi de que as mudanças tecnológicas acarretaram no rompimento dos modelos consolidados na prática da direção de fotografia. Além disso, todos também concordaram de que é necessário encontrar formas de reeducar o mundo a nossa volta sobre o significado do nosso trabalho. É preciso empenhar-se para que as novas gerações (não só de DFs) não desperdicem métodos e práticas, que foram aprimorados ao longo de mais de 100 anos de cinematografia, única maneira vislumbrada para conseguirmos manter algum controle sobre nossas próprias imagens.
Entre as colocações mais interessantes apresentadas, estiveram a de Vittorio Storaro, que defendeu que a luta pelo reconhecimento do diretor de fotografia enquanto autor da fotografia de um filme, é fundamental para garantir-lhe autoridade na condução dos procedimentos técnicos necessários para a concretização do projeto fotográfico proposto e desenhado. “Não se trata de disputar a coautoria com o diretor”, disse Storaro, “mas sim de garantir que o projeto fotográfico acordado com o diretor, nas fases de pré-produção, seja executado na sua total integridade artística”. Outra colocação interessante, em contraponto ao grupo que se “lamentava” pela situação de “indisciplina” que vivemos atualmente nos sets de filmagem, foi apresentada pelo jovem representante de El Salvador, Roberto Mancia (SVSC), que colocou com muita objetividade: “Este mundo que vocês descrevem é o mundo no qual eu atuo e vou seguir atuando profissionalmente. A Direção de Fotografia perdeu o seu lado lúdico e artístico e agora é um trabalho. Não me lamento por isso, apenas me pergunto: Como é possível (re)estabelecer uma ligação entre estes aspectos tão distintos da nossa profissão?”.
Esta primeira reunião serviu para que todos se conhecessem e imprimiu o sentimento de grupo e camaradagem que só iria se fortalecer ao longo dos dias seguintes.
Após o almoço, sob as ordens de Patty Armacost, executiva da ASC, fomos distribuídos por várias vans e partimos para ver uma série de apresentações técnicas na sala de testes da companhia Dolby. Inicialmente, foram apresentadas demonstrações do sistema Dolby de projeção por Laser e com imagens em 3D, em HDR (grande alcance dinâmico), e com o sistema ATMOS de reprodução de som. Espetaculares.
Nesta mesma sala, Emmanuel Lubezky falou a seguir sobre a fotografia de “O Regresso” ao lado do seu colorista Steve Scott da Technicolor. Os dois comentaram sobre o longo trabalho de “color grading” que foi necessário no filme. Isto ocorreu em função das opções fotográficas acordadas antes da filmagem, além das difíceis condições de trabalho enfrentadas, que não permitiam maiores ajustes. Frisaram também que a captação apenas com luz natural implicou neste meticuloso trabalho de pós-produção. Pelas palavras de E. Lubezki, calculamos por alto, algo em torno de 1200 (mil e duzentas) horas utilizadas na correção de cor do filme. Isto para poderem aplicar a técnica do “Dodge & Burning “, através de múltiplos layers, em cada plano do filme.
Ao longo da semana, em visita a Technicolor, tivemos oportunidade de conferir isso com nova apresentação do colorista Steve Scott, que nos mostrou vários slides ilustrativos do tratamento de cada uma das imagens que dariam a Lubezki seu terceiro Oscar.
Por último, houve uma apresentação de Bill Pope e equipe, incluindo o diretor Jon Favreau, sobre o trabalho em “The Jungle Book” (Mogli, o menino Lobo). Eles discorreram sobre a direção de fotografia em um filme que combina filmagens ao vivo com imagens criadas no ambiente virtual. Fomos apresentados às diferentes técnicas utilizadas e pudemos ver trechos do filme no sistema 3D da Dolby que me pareceu muito bom.
Projetado em condições ideais, com projeção em 3D a laser, super luminosa para 3D (14 foot lamberts, sistemas tradicionais de 3D podem chegar a ter apenas 3 F.L.), e óculos com absorção de luz mínima. O filme encheu os olhos da plateia.
Esse primeiro dia foi encerrado com um jantar de confraternização entre os participantes do encontro e com a presença de outros colegas da ASC e da indústria de Los Angeles.
Fred Goodich e Richard Edlund sentados e, ao fundo, Rolf Coulanges, BVK e Affonso Beato ABC, ASC.
Dia 2 – Visita e apresentações na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas – AMPAS.
Nosso grupo, acompanhado pelo representante da ASC, o Diretor de Fotografia Dean Cundey, foi recebido na Academia pelo porta voz do seu comitê técnico Andy Maltz.
Os trabalhos do dia se iniciaram com Dean Cundey nos dando as boas vindas e contando que o nome daquela sala de projeção era uma homenagem a Lindwood Dunn, que foi o inventor da copiadeira ótica e o responsável pelos efeitos em inúmeros clássicos do cinema americano. Em seguida, passou a palavra aos representantes da Academia que expuseram as diferentes atividades que são realizadas ali, e que vão muito além da premiação do Oscar. Depois, foi iniciada a primeira apresentação técnica sobre os índices e standards das novas fontes de luz. Josh Pines, Paul Devebec e George Joblove discorreram sobre a diferença entre a curva espectral das novas fontes luminosas e a curva espectral dos sensores das diferentes câmeras digitais.
Ricardo Matamoros (SVC) e Dean Cundey (ASC).
Eles falaram também sobre o sistema SSI (Spectral Similarity Index) como forma de ler corretamente a curva espectral e medir as diferenças entre fontes e câmeras. O SSI, por ter intervalos de leitura de apenas 10 milimicrons, consegue detectar os “gaps” (ausência de resposta em certas regiões do espectro), que podem existir no cruzamento de fontes luminosas e câmeras. E chegaram a mencionar a existência de um aplicativo para esta função.
A seguir houve a apresentação do sistema ACES, em que foram apresentados os benefícios da utilização do ACES para processar as imagens de um modo geral. O processo ACES é fundamental quando se trabalha com modelos de câmeras diferentes. As diferentes respostas de cor são mais facilmente corrigidas quando passadas para o espaço de cor mais amplo do ACES, que é mais flexível e preciso. Sua precisão se aplica através de todo o workflow de um projeto e garante a fidelidade das cores no resultado final.
Colorista Dado Valentic, DIT Francesco Giardello e Diretor de pós-produção Brandon Bussinger respondem perguntas sobre a utilização do ACES.
O ACES não é um “look”. Ele deve ser compreendido como um processo. Mais informações sobre o sistema podem ser encontradas na página da ACES.
Rolf Coulanges, BVK e Mike Pogorzelki
Na sequência, após um tour pelos arquivos de filmes da AMPAS, guiado por Mike Pogorzelki, o Diretor do Arquivo, assistimos a sua comunicação sobre o trabalho de preservação e restauro desenvolvido ali. Fomos reapresentados ao dilema da preservação digital e também foram feitas referências à utilização do ACES neste trabalho. Houve, ainda, uma pequena apresentação do processo de restauro do filme “Trilogia de Apu”, do diretor indiano Satyajit Ray e fotografado por Sumatra Mitri, seguida de projeção de trechos do filme. No final, houve uma sessão de perguntas e respostas.
A visita foi encerrada com a apresentação do comitê de tecnologia da ASC, sobre os temas que estuda atualmente, ligados à produção virtual e à próxima geração de displays com HDR para o cinema. Através da projeção de uma série de gráficos ilustrativos foi demonstrada a amplitude do sinal em HDR que proporciona uma imagem de maior contraste e brilho.
Neste dia, houve ainda a apresentação dos repertórios das associações presentes. Apenas 12 associações fizeram esta apresentação. O vídeo do Brasil, que contou com filmes como “Central do Brasil”, “A Casa de Areia” e “Xingu”, foi o primeiro a ser projetado e o da ASC foi o último. Todos foram bastante aplaudidos e os comentários que tive oportunidade de ouvir foram favoráveis e valorizaram a oportunidade de se ver tantas cinematografias lado a lado. Cada uma delas refletindo a seu modo seus países e suas culturas. A ASC pretende colocar os rolos na sua página web para que fiquem em display.
Dia 3 – De volta a ASC – A relevância do filme
Michael Goy, ex-presidente da ASC, fala sobre a utilização da película.
O terceiro dia começou com uma série de comunicações ligadas à relevância da utilização da película e das perdas que o mundo digital trouxe para a atividade. Inicialmente, Michael Goy, ex-presidente da ASC, comentou aspectos do seu trabalho com película na série “American Horror Show”. Projetando vários trechos deste trabalho, apresentou “looks” que foram obtidos com diferentes tipos de filmes e diferentes processamentos e insistiu de que estes looks não seriam possíveis de ser obtidos no mundo digital. O representante da Kodak presente no encontro falou da necessidade dos diretores de fotografia insistirem por filmar com película, deixando claro que só os fotógrafos podem preservar o filme. A Kodak está empenhada nisso inclusive viabilizando alguns laboratórios mundo a fora e relançando o filme super 8.
A seguir, o DF Guilhermo Navarro, ASC (“Pan’s Labirinth”) expos sua experiência e sua preocupação com o estado das coisas no mundo digital. Ele voltou a dizer que, na sua opinião, estamos perdendo o conhecimento e a metodologia acumulados ao longo de mais de 100 anos de cinematografia. Expressou seu pessimismo diante deste quadro e da possibilidade de conseguirmos reverter esse processo. Nas suas palavras: “O digital é só composto de 0s e 1s. Estamos destruindo o que é importante no nosso trabalho, que é o uso da linguagem, que é a nossa maior ferramenta”. Para ele, “O negativo pertence ao Diretor de Fotografia, é o nosso meio, a nossa tela. Toda a indústria deve sua vida a existência do filme”. E ainda completou: “Uma das coisas mais importantes que possuímos para manter o controle sobre nosso trabalho é o domínio da linguagem cinematográfica. Precisamos saber o que ela é. Trata-se de uma busca pessoal; é a nossa visão”.
Navarro foi seguido pela apresentação do diretor de fotografia alemão Rolf Coulanges: Existe um look digital emergindo como novo valor estético?
Rolf leu seu “paper” de caráter teórico e que enfatiza as diferenças entre a imagem em película e a imagem digital. Através de uma análise comparativa entre a estrutura da emulsão fotográfica e a estrutura da construção dos sensores, Coulanges explora as possibilidades destas últimas serem elementos constitutivos de uma nova estética. A partir daí, reivindica uma participação dos diretores de fotografia nas definições dos parâmetros de estruturação de sensores e demais equipamentos digitais. Um paper muito teórico cujas possibilidades de discussão foram prejudicadas pela sua dificil leitura em Inglês.
A manhã seguiu com a apresentação da Professora e Diretora de Fotografia da Estônia Elen Lotman. Sua apresentação visou a análise do impacto que determinados estilos de cinematografia podem provocar na percepção dos espectadores. Uma palestra apoiada no estudo da nossa percepção visual, mecanismos da visão e neurociência. Com uma série de exemplos muito bem escolhidos, ela demostrou quão pouco enxergamos e como é possível levar isto em consideração na construção de uma narrativa cinematográfica. É um estudo ainda em andamento, mas que arrebatou a plateia e foi saudada com muitas palmas no final.
As atividades da manhã foram encerradas pela apresentação do professor e fotógrafo Finlandês Timo Heinnânen, da Associação Finlandesa de Cinematografia. Ele expos seu estudo sobre a utilização do formato como elemento componente do processo criativo. Também apresentou o questionário que está utilizando para entrevistar Diretores de Fotografia na sua pesquisa sobre o assunto. Pediu para que não divulgássemos suas primeiras conclusões, pois também é uma tese que está sendo escrita.
O intervalo do almoço neste dia foi dedicado aos encontros regionais. Foi a oportunidade dos representantes da América Latina conversarem e se conhecerem melhor. Na foto representantes da Argentina, México, El Salvador e Venezuela. Além deles, estavam representados a Costa Rica e o Brasil.
Foram expostas as diferenças entre as realidades das nossas cinematografias. Foi frisada a importância de darmos continuidade ao trabalho iniciado no encontro da Federação Latino-Americana de Autores de Fotografia, ocorrido em Bogotá/Colômbia no último mês de maio. Naquela ocasião foi colocada a necessidade de se lutar pelo reconhecimento do status de autor para o Diretor de Fotografia, como forma de resgatar a autoridade do DF no set e diante dos produtores e finalizadores. Não se trata de uma questão econômica, mas sim de poder garantir a qualidade das nossas imagens.
Propusemos que se buscasse uma forma de cooperação entre as Associações do hemisfério Norte e as do Sul. Isso pensando em termos mais de acesso às informações produzidas por eles. Sugeri a cessão de direitos para traduzirmos artigos para difundirmos na América Latina. O assunto foi mencionado com a ASC e a AFC. Também anunciamos o propósito de realizar o próximo encontro da Federação Latino-Americana durante a Semana ABC 2017 e de precisarmos começar imediatamente a trabalhar para tornar isto possível. Depois do almoço, falamos com o presidente da Imago, Paul René, que gostou da ideia de cooperação e troca. Ele se colocou à disposição para colaborar conosco. Foi mencionada a importância de não demorarmos a retomar o contato com eles.
À tarde foi dedicada a apresentação de equipamentos e conversas sobre realidade virtual. Os salões da ASC se transformaram em um verdadeiro parque de diversões com a maioria dos presentes perambulando com seus óculos entre as velhas câmeras Mitchell.
A demostração dos equipamentos foi seguida por uma conversa com os diferentes players envolvidos na pesquisa e utilização desta tecnologia. Os participantes incluiam David Stump, ASC, Chris Edwards da companhia Realidade Virtual, o diretor Randal Kleiser, Michael Mansouri da Radiant Images e ainda representantes da Sony.
A primeira pergunta colocada pelo mediador Steve Schklair. e que acabou por ser o assunto principal da conversa, foi: “O trabalho em ” Realidade Virtual” é mais da alçada do diretor ou do diretor de fotografia?”
“Dirigir VR é mais parecido com dirigir uma peça de teatro do que um filme, porque o espectador pode olhar para onde ele quiser”, respondeu o diretor Randal Kleiser. E ele completou: “Dirigir em VR é como resolver um quebra-cabeças”. Davis Stump, ASC, observou que “ainda estamos em um estágio rudimentar com esta tecnologia, entendo que no momento se possa pensar que é um meio que pertence aos diretores. Dirigir é a principal maneira the conduzir e proporcionar ao espectador uma experiência na Realidade Virtual. O trabalho do Diretor de Fotografia ainda é basicamente o de fornecer a tecnologia necessária para obter uma imagem para o diretor contar sua história. Mas acredito que encontraremos meios de introduzir recursos fotográficos inovadores no processo. Precisamos repensar como aplicar todos nossos variados recursos neste novo meio. Eu quero ver os filmes em VR que os futuros cineastas farão daqui a 20 anos. Para nós, a coisa sempre foi ver cinema na sala de exibição e estamos descobrindo este universo, mas eu quero muito ver os filmes dos meninos que crescerão com a VR”.
David Stump também se referiu às dificuldades de se trabalhar com esquemas tradicionais de iluminação, já que tudo se vê e isto coloca dificuldades técnicas enormes para o Diretor de Fotografia. Ele reiterou que estamos no começo de uma investigação e que ainda precisamos descobrir a linguagem da narrativa da Realidade Virtual. Michael Mansouri expos algumas técnicas possíveis no tipo “Stich”, que faz a gravação em dois módulos de 180 graus, que depois se colam, como uma maneira de criar um espaço de atuação para o Diretor de Fotografia. Mas a verdade é que a apresentação foi recebida com ceticismo pelo conjunto da casa. Acho que a ainda baixa qualidade das imagens apresentadas contribuiu para isso. Questionados por um dos representantes sobre afinal onde aquilo podia ser aplicado, M. Mansouri respondeu que, por enquanto, quem mais utiliza a VR é a medicina, mas reafirmou seu otimismo quanto a nós usarmos no futuro próximo.
Dia 4 – Visitas à Panavision e à Technicolor
O quarto e último dia foi dedicado a visitas à sede da Panavision e ao Laboratório Technicolor. Na Panavision fomos apresentados a nova câmera digital que acaba de ser lançada por eles: a Panavision 8K Millenium DXL. A câmera, que é resultado de uma parceria entre a Panavison e a RED, foi a grande sensação da semana, tendo sido apresentada ao longo da mesma semana aos associados da ASC, aos visitantes da Feira Cine Gear e, em seguida, aos delegados presentes ao ICS 2016. A combinação do sensor 8K da RED com as diferentes séries de lentes (esféricas e anamórficas), que a Panavision possui, recoloca a Panavision como um importante player no setor de câmeras e, provavelmente, vai mexer com o atual domínio da ARRI no mercado profissional de cinematografia digital.
Frederic Goodich (de boné), ASC, principal organizador do evento, é festejado pelos representantes Alex Linden (Suécia), Affonso Beato, Richard Andry (França), Ron Draper (USA) e Lukas Teren (Eslováquia)
A visita à Technicolor foi interessante para vermos como este tradicional laboratório se adaptou ao mundo digital e vem se dedicando a alguns aspectos da pós-produção digital, principalmente a remasterização digital de clássicos do cinema. Tivemos oportunidade de dialogar em pequenos grupos com o colorista Steve Scott, de “O Regresso”, fomos apresentados aos equipamentos fabricados pela Technicolor para o trabalho dos DITs nos sets de filmagem e apreciamos a qualidade da imagem que eles estão conseguindo na remasterização de clássicos do cinema, em cópias feitas em 4K e exibidas em monitores OLED / HDR / 4K.
John Bartley, ASC (“X-Files”, “Vikings”), e imagem projetada do “Poderoso Chefão 2” em 4K/ HDR e monitor OLED da LG.
De volta à ASC, tivemos as últimas apresentações e também foi realizado um balanço final.
Ron Johanson, da ACS, apresenta o projeto educativo da Associação Australiana de Fotografia.
A presença das mulheres enquanto diretoras de fotografia.
As últimas horas do encontro foram completadas com intervenções de alguns representes e um painel dedicado a discutir a atuação feminina enquanto diretoras de fotografia no mercado de trabalho. Já a associação australiana apresentou uma pauta de temas que devemos buscar comunicar às novas gerações e a Associação da Nova Zelândia reforçou a importância de atuarmos no sentido de garantirmos a segurança nos sets de filmagem.
Por fim, foram apresentados os últimos comentários por Bill Bennet, ASC, além das palavras do representante da Servia, enfatizando a importância da cinematografia na reconstrução de seu país, e também de Ricardo Matamoros, representando o grupo da América Latina, que agradeceu em nosso nome a acolhida da ASC e enfatizou como é importante para nós todos este contato e a troca de informações. Bill Bennet encerrou, então, o encontro referindo-se de forma emocionada ao lema da ASC: Lealdade, Progresso e Arte. Lembrou ainda que em 2019 serão celebrados os 100 anos da ASC e quem sabe seja razoável pensar em um novo encontro para esta ocasião.
Concluímos que é muito importante não perder a proximidade que criamos com as outras associações. A ABC, por exemplo, poderia estar presente também na Cameraimage. Consideramos um avanço importante a presença de 10 diretores de fotografia latino-americanos em plena ASC.