Notas sobre as filmagens subaquáticas de “Pluft”

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Por Roberto Faissal, ABC

PLUFT Subaquático foi para mim um projeto inesquecível. Uma real oportunidade de usar meus mais de 30 anos de experiência em imagem subaquática na busca de uma solução nova, singular, e que legaria a meus colegas e companheiros uma forma simples e inovadora de iluminar em baixo d’água, usando equipamentos disponíveis no Brasil.

Simplificando, existem duas situações diferentes de se iluminar debaixo d’água. A primeira, mais usual, é a de mostrar que se está debaixo d’água e nesta situação os raios e prismas de luz projetados em pessoas e coisas confirmam o ambiente e estão presentes.

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A outra, menos usual, é usar a filmagem subaquática para tirar a gravidade e fazer flutuar pessoas e objetos para composição com outras cenas. Nessa situação a luz não pode conter esses prismas refletidos e deve ter a intenção das cenas, filmadas para recorte, que vão estar em composição. Este foi o caso do PLUFT: os fantasmas vão voar e interagir com os humanos em cenas feitas anteriormente durantes as filmagens em cenários do filme, como casa, taberna, etc., nessa estória de Maria Clara Machado, tão conhecida da literatura infanto-juvenil brasileira.

O CONVITE para dirigir a fotografia subaquática do PLUFT veio da Clélia Bessa, produtora, da Rosane Svartman, diretora, e do Dudu Miranda, diretor de fotografia do filme.

Cerca de 2 anos atrás, quando Rosane pesquisava a melhor forma de tirar a gravidade para os fantasmas voarem, fiz com ela um teste simples em piscina com croma que acabou sendo conclusivo para a escolha de filmar debaixo d’água.

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A minha experiência anterior, de filmar com croma subaquático atores voando para a abertura da novela da TV Globo, Escrito nas Estrelas, serviu de reflexão para dimensionar o estúdio subaquático que precisávamos. E tudo seria importante, dentro de uma contagem regressiva de tempo: começando pelo treinamento do elenco, escolha da piscina, equipamentos de luz, maquinária, câmera e a integração com figurino, maquiagem, cabelo e arte. Tudo isso para captar imagens dos cinco fantasmas da estória, que seriam compostas pela pós-produção interagindo com os humanos filmados na primeira fase do filme.

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Estúdio de Escrito nas Estrelas

O CAMINHO natural para mim seria repetir o estúdio sub de Escrito nas Estrelas. Uma abertura de 1 min para a novela da TV Globo, quando os atores voavam no espaço. Ali usamos luzes da Hydroflex, o padrão da indústria mundial: HMIs subaquáticos de 4K e 1,2K (6 de cada), trazidas de Los Angeles, e acompanhadas por dois gaffers subaquáticos de lá, além de 3x 6K Goyas externos para iluminação do croma, através de difusores na superfície da piscina.  Funcionou super bem, como vocês podem ver no site da Cinemar.

AS DIFICULDADES para trazer todos esses equipamentos por mais de três semanas para o PLUFT motivaram a busca de uma nova solução para iluminar os atores e croma sem projetar neles os prismas e reflexos da superfície da água, em constante movimento com toda atividade de mergulhadores e borbulhas.

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INSPIRADO por uma solução que havia utilizado em pequena escala – filmando a desova de corais em um aquário no documentário Vida nos Recifes – propus à produção testar a ideia em uma escala maior, para atender ao projeto PLUFT. A ocasião serviria também para testes de figurino, cabelo, maquiagem, recorte do croma e ótica para a segunda fase do PLUFT.

O TESTE foi um momento de tensão pois tínhamos somente uma janela de 24h horas em uma piscina descoberta de um clube e precisávamos filmar após o pôr do sol, para ver nossa luz. Estávamos testando um conceito inovador em uma escala bem grande e que teria que se mostrar confiável e versátil para um projeto de exibição em tela grande. A montagem do estúdio consumiu um tempo enorme, mas foi suficiente para testarmos o conceito de iluminarmos tudo com refletores fora d`água direcionados para as três caixas de vidro que desenhei para a luz passar, rebater em espelhos e iluminar a cena. Além disso o teste trouxe também medo do desconhecido: Como as caixas de luz se comportariam com o calor dos HMIs.?! Como tudo se comportaria por 15 dias ininterruptos dentro d’água?! Como manteríamos a estabilidade e qualidade da água?

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Confiantes que poderíamos melhorar bastante a qualidade e controle da luz na montagem definitiva, partimos para a busca da piscina e da estrutura necessária para o croma e suporte de todos os refletores, espelhos, difusores e bandeiras.

VALENDO, aconteceu na piscina de treinamento de mergulhadores na Escola Superior de Bombeiros em SP: Piscina aquecida (inverno em SP), coberta e com as dimensões necessárias: área útil de 12×12 metros em uma profundidade de 5,50m. Uma piscina perfeita para o projeto.

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A MONTAGEM foi feita em dois dias por uma equipe de maquinária, elétrica e mergulho, formada por 13 pessoas, com a minha supervisão de cada etapa para ter a proximidade, distribuição de luz e angulação que eu havia projetado.

Usamos para o Croma 4 x 4k HMI com difusão com silk boiando e para a área de ação dos atores 1 x 18K e 2x 12K HMIs, estes últimos passando por minhas caixas de vidro e rebatendo em espelhos para direcionar a luz, que era filtrada por silks de várias gradações, conforme a intenção desejada. Um croma 4×4 foi usado por vezes, para aumentar a área.

O RESULTADO do estúdio submarino montado para o PLUFT foi bem feliz. Permitiu a filmagem das cerca de 400 cenas dos fantasmas para composição dentro do Plano de Filmagem elaborado pela direção.

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Os matches de intenção de luz com as cenas filmadas anteriormente foram rápidos e fáceis com o controle dos três refletores e caixas de luz, com bandeiras, gelatinas e difusores. O sistema de monitoração foi montado com: monitor de entrada da câmera saindo para mesa de corte do croma para a diretora, permitindo a superposição das imagens já filmadas para escala dos fantasmas, direcionamento de olhar e posicionamento no quadro.

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Paralelamente, uma estação de trabalho da O2 no local examinava o recorte das cenas sub gravadas e estudava movimentos, efeitos e propostas para a finalização para discutir com a diretora, em loco.

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A EQUIPE foi o mais importante para o sucesso do estúdio subaquático do PLUFT.

Minha admiração pelo trabalho da diretora Rosane Svartman é grande: ela conduziu o elenco e a equipe muito bem, com perfeita compreensão das dificuldades do processo, mas com firmeza, carinho e simpatia. BRAVO! Na fotografia formamos um time ótimo:  Dudu Miranda ajustando as intenções de luz para os matches, Sandro Di Segni e Liciani Vargas, supervisores de efeito e finalização, com o material filmado anteriormente, e eu, checando o recorte do croma, funcionamento do estúdio e a operação de câmera.

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O elenco foi fantástico, e o ator principal – o jovem Nicolas Cruz, em cena todos os 12 dias – foi bem treinado pelo Rafael Captain Diver. A equipe de mergulho e operação de câmera sub fixa foi comandada pelo Rodrigo Figueredo. Usamos câmera Red Dragon, com caixa estanque Nauticam e as lentes escolhidas foram as 18mm, 21mm e 28mm Zeiss.

Elétrica e maquinária, sob o comando do Anísio Jr, Gazo e seus competentes segundos,  foram imprescindíveis para a confiabilidade de nossa instalação.

O figurino da Marcia Svartman e Fernanda Fabrizzi é lindo e fotografou super bem, em tonalidades acertadas no teste de piscina inicial. Cabelo e maquiagem impecáveis.

Super importante destacar a equipe de produção: Clelia Bessa, Fernanda Kalume e Maria Fernanda, sempre apoiando e respondendo aos desafios dessa produção, e cuidando bem de todos. Sem elas nada teria acontecido.

Obrigado equipe, foi um prazer compartilhar o estúdio subaquático do PLUFT com vocês.

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A luz sub do “Pluft’
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Clique aqui para um making of da composição com os fantasmas. 

Sinopse:
A inesperada amizade entre o fantasminha que morre de medo de gente e a menina Maribel. Ela é sequestrada pelo pirata Perna-de-Pau, que quer usá-la para achar o tesouro deixado pelo seu avô, o falecido Capitão Bonança Arco-íris. Na casa abandonada onde o velho morou, Maribel espera pela ajuda dos marinheiros Sebastião, João e Juliano, muito amigos do velho capitão, que saem em uma atrapalhada busca pela garota. Eles não chegam nunca e ela acaba conhecendo Pluft e sua família fantasma.

Ficha Técnica:
Direção: Rosane Svartman
Roteiro: Rosane Svartman, Cacá Mourthé e José Lavigne
Produção: Clélia Bessa
Produção Executiva: Diogo Dahl e Clélia Bessa
Coprodução: Raccord Filmes e Globo Filmes
Fotografia: Dudu Miranda
Fotografia Subaquática: Roberto Faissal, ABC
Direção de Arte: Fabi Egrejas
Figurino: Márcia Svartman
Maquiagem: Mari Figueiredo e Cacá Zech
Som Direto: Álvaro Correa
Montagem: Natara Ney
Produção de Finalização: Juca Diaz
Efeitos Visuais: O2
Distribuição: Downtown
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