Marcelo Corpanni: “O Doce Veneno do Escorpião”

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Por José Roberto Eliezer

Marcelo Corpanni fala sobre as filmagens de “O Doce Veneno do Escorpião”, onde usou pela primeira vez a Penelope, lançamento da Aaton, que possibilita rodar em duas ou três perfurações em 35mm, proporcionando uma economia de até 50% nos gastos com negativo e revelação.

Por que a Penelope?

Marcelo: Fui convidado para o projeto dois anos antes da filmagem. Sempre se falou em rodar com duas câmeras em 16mm. Tinha que ser um filme com um look “sujo”, com grão, muita zoom, meio documental. Aí veio a questão: ”Será que não rola em digital?
O que existia no mercado na época não me interessava, HVX200, adaptador para lente de cinema… Fomos amadurecendo a ideia, o tempo foi passando, e chegou a Red. Usei em publicidade, a textura da imagem me agradou, mas o visor eletrônico e a ergonomia da Red me incomodavam muito. Não me encantou a idéia. Ainda não tinha visto nenhum resultado da Red em tela de cinema. O tempo continuou passando e a Penelope chegou ao Brasil, junto com a idéia de ter uma atriz “global” famosa e importante no filme. Isso fez com que o projeto mudasse de status. Além disso, o filme precisava de uma textura melhor. A Débora é uma atriz lindíssima de 30 anos e no filme ela começa com 17. Daí a importância de usar película 35mm e lentes de qualidade. A atriz, o público, e o projeto mereciam isso.

Duas ou três perfurações?

Marcelo: A princípio queríamos fazer em duas perfurações (1:2.35). Testamos em duas e três perfurações, a textura da imagem estava maravilhosa. Rodar em “dois perfs.” fazia o filme caber no orçamento. A entrada da Débora Secco facilitou o processo. Assistindo os testes com os produtores, o diretor e equipe, houve um receio de usar as duas perfs. por causa do delivery para TV ( 1:1.33). O filme tem uma “pegada” comercial e a perda de área de imagem é grande na mudança de formato, por isso optamos pelas três perfurações.
Aí a produção ficou preocupada, pois dos nove minutos de duração do rolo de 120m o tempo caiu para seis minutos. Mas já estávamos a uma semana de filmar, e teve que ser assim.
O filme acabou por caber muito bem nas três perfs. enquadrado para 1:1.85. Foi bom porque nem eu, nem o diretor e o diretor de arte havíamos feito nada em 1:2.35. A distribuidora também achou bom.

Primeiras sensações com a câmera…

Marcelo: Quando peguei a Penelope pela primeira vez, com as lentes Zeiss Standard, percebi que tinha nas mãos uma ferramenta poderosa, com um visor espetacular, uma câmera com pegada de Super 16, mas que é 35mm! Pensei que era um sonho realizado. Claro que ela não é leve como uma Arri 235, mas tem praticamente o mesmo peso e faz som direto, vai até 40 quadros por segundo. E é verdade, ela não é ruidosa, diz a lenda que em 2 perfs. é mais silenciosa ainda.

Still 2

Visor

Marcelo: O visor dela parece o visor da Mitchell do Ronaldo Moreira, o melhor que eu tinha visto até então. A imagem é grande, brilhante e confortável. Espetacular! Por questões de orçamento, a gente tinha um bom pacote com as lentes Arri Master Primes T1.3. Mesmo sendo maiores e mais pesadas, eu não senti dificuldades em trabalhar com a Penelope na mão. O filme teve praticamente 80% de câmera na mão e eu me senti bastante confortável.

O que é fascinante na câmera é a praticidade. É uma obra de arte, um belo projeto de engenharia. É difícil entender, como um corpo tão pequeno não faz barulho. O chassi é leve, mas um pouco comprido, não é tão fácil enfiar a câmera em lugares pequenos, mas é fácil trabalhar em carro, tanto em grip como na mão, é leve e rápido. Rápida de montar e desmontar no steadycam, pouco mais de 10 minutos, como é leve o visor pode ficar nela. É muito equilibrada, mesmo com uma lente pesada na frente.
O filme vai ser finalizado em 2 k digital, já fiz um teste de look, com o Sergio Pasqualino e estou bem contente. O filme tem algumas fases bem definidas de look.

Comparativo 2 e 3 perfurações em 1:1:85

Marcelo: Vi o teste da Kodak e achei a qualidade muito boa. É um formato que vale a pena estudar. É melhor que o super 16mm, tem qualidade superior, a economia é de 50%. Com lentes de boa qualidade, o resultado é muito bom.

O que você espera no futuro próximo para o formato?

Marcelo: Aguardo ansioso o back digital da Penelope e espero que o mercado brasileiro entenda o formato e a qualidade que a Aaton quer imprimir no cinema digital. 13 stops, visor ótico, ergonomia e peso. Espero que no meu próximo longa eu já possa usar a Penelope digital.

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