O longa-metragem brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao Oscar 2025 de Melhor Filme e de Melhor Filme Internacional pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. A atriz Fernanda Torres também foi indicada como Melhor Atriz por sua atuação. No dia 5 de janeiro, Fernanda Torres conquistou um Globo de Ouro pela interpretação de Eunice Paiva.
Esta é a primeira vez que o Brasil entra na lista de Melhor Filme do Oscar. O país já havia sido indicado a Melhor Filme Internacional por “O Pagador de Promessas” (1963), “O Quatrilho” (1996), “O Que É Isso, Companheiro?” (1998) e “Central do Brasil” (1999). Em 2004, “Cidade de Deus”, dirigido por Fernando Meirelles, foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia. Em 2016, “O Menino e o Mundo” foi indicado a Melhor Filme de Animação. E, em 2020, “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, foi indicado a Melhor Documentário.
A cerimônia de entrega das estatuetas da 75ª edição do Oscar será realizada em Los Angeles, no dia 2 de março. “Emilia Pérez” lidera as indicações deste ano, com 13 categorias no total.
Além de “Ainda Estou Aqui”, os indicados a Melhor Filme no Oscar 2025 são: “A Substância”, “Wicked”, “Conclave”, “Emilia Pérez”, “O Brutalista”, “Anora”, “Duna: Parte 2”, “Nickel Boys” e “Um Completo Desconhecido”. Na categoria de Melhor Filme Internacional, o longa de Walter Salles disputa com outros quatro filmes: “Emilia Pérez” (França), “Flow” (Letônia), “A Garota da Agulha” (Dinamarca) e “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha). Na categoria de Melhor Atriz, Fernanda Torres concorre com Mikey Madison (“Anora”), Demi Moore (“A Substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”).
Sobre o Globo de Ouro, essa foi a primeira vitória do país na categoria de Melhor Atriz. Em 1999, “Central do Brasil” ganhou como Melhor Filme em Língua Não Inglesa.
“Ainda Estou Aqui” já foi visto por mais de 3,5 milhões de pessoas nos cinemas brasileiros. O longa é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que conta a trajetória de sua família durante a ditadura militar. Protagonizado por Selton Mello, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, o longa tem conquistado importantes prêmios e indicações pelo mundo. Já foi indicado ao Critics Choice Awards de Melhor Filme em Língua Estrangeira e conquistou premiações como Melhor Roteiro no Festival de Veneza e o Prêmio do Público em Vancouver (Canadá) e São Francisco (EUA).
A história se passa no Rio de Janeiro e em São Paulo, a partir da década de 1970. Na trama, Eunice Paiva é casada com o engenheiro e ex-deputado federal Rubens Beyrodt Paiva (1929-1971) e vê sua vida mudar radicalmente depois que o marido desaparece pela repressão da ditadura. A dona de casa, então, se forma em Direito e vira ativista dos direitos humanos, sobretudo de causas indígenas e de famílias de desaparecidos políticos. O reconhecimento do Estado de que Rubens Paiva foi morto pela ditadura só veio em 1996.
Leia uma entrevista sobre o filme com o diretor de fotografia Adrian Teijido, ABC.