Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostra que os hábitos de consumo de conteúdo audiovisual no Brasil tem passado por uma transformação significativa. O levantamento revela que quase metade dos assinantes de TV passam mais tempo consumindo conteúdo por meio de serviços de streaming como Netflix, Prime Vídeo e YouTube, em comparação com a TV por assinatura tradicional.
“Estas plataformas oferecem um catálogo bastante variado de filmes, séries e animações. Entretanto, o sucesso recente de documentários e séries documentais lançados merecem destaque”, avalia Clovis Travassos, diretor-executivo da Prosa Press, produtora audiovisual especializada na produção de documentários, filmes e projetos de comunicação corporativa.
De acordo com o especialista a Globoplay, por exemplo, tem investido em documentários com apelo emocional e nostálgico sobre personalidades brasileiras como Galvão Bueno, Xuxa, Sandy & Júnior, entre outros. Além deste formato, a plataforma também tem apostado, recentemente, em séries documentais jornalísticas, biografias e investigações sobre crimes brasileiros como o “Caso Evandro” e “MC Daleste: Mataram o Pobre Loco”.
“Esse é um formato que, cada vez mais, tem se consolidado e atraído a atenção do público. Não à toa, os estúdios Globo anunciaram, recentemente, a criação de um núcleo dedicado a produção de documentários, demostrando a aposta nesse formato”, afirma.
Nas plataformas internacionais, também não faltam opções. Séries documentais sobre a vida de personalidades como David Beckham, Arnold Schwarzeneger e Michael Jordan são exemplos do investimento que a Netflix tem feito na área com o olhar atento às figuras do esporte. Mas esse leque não para por aí. “No catálogo da Netflix, encontramos ainda produções brasileiras que tem um forte apelo e conexão com o público, como é o caso de títulos como “Democracia em Vertigem”, AmarElo – É tudo pra Ontem” e “Chorão – Marginal Alado”, entre outros”, dispara Travassos.
Produções nacionais, como “A Superfantástica história do Balão”, no Star+, “Incompatível com a Vida”, no CurtaOn, “Ecossistemas de Inovação, no BandPlay, também tem atraído os olhares do público em outras plataformas. “Acredito que o espectador tem percebido que existem muitos motivos para assistir a documentários: é possível se divertir, se emocionar, refletir sobre a vida e sobre o mundo, entender e relembrar momentos históricos e, ainda, ampliar o seu repertório cultural”, comenta.
O executivo avalia que os investimentos das plataformas no formato documental indicam a consolidação do formato no mercado. “Esse olhar mostra que é possível fazer cinema e construir um mercado audiovisual que vá além da ficção. Temos público para o formato documental e existem alternativas que podem contribuir para que esse gênero seja melhor explorado”, finaliza.