Adrian Teijido, ABC: “Boca do Lixo”

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Por Danielle de Noronha

Vencedor do prêmio de Melhor Fotografia no Festival do Rio, pelo filme “Boca do Lixo”, Adrian Teijido conta sobre as filmagens do longa dirigido por Flávio Frederico.

Adaptado da autobiografia de Hiroito de Moraes Joanides, o filme retrata a atmosfera noturna da Boca do Lixo, região de prostituição no centro de São Paulo nos anos 1950 e 1960. Oriundo de uma família de classe média-alta, Hiroito frequentava a Boca apenas como boêmio em busca de aventuras sexuais, até que uma tragédia pessoal provoca uma mudança em sua vida. Seu pai é violentamente assassinado e Hiroito é acusado pelo crime. Pouco tempo depois, Hiroito compra dois revólveres e se muda para a Boca, tornando-se rapidamente um dos bandidos mais procurados pela polícia. Com Daniel de Oliveira, Hermila Guedes e Milhem Cortáz.

Como foi ganhar o prêmio de Melhor Direção de Fotografia no Festival do Rio?

Ganhar um prêmio é sempre bom! É o reconhecimento de estar sempre tentando fazer o melhor possível! E também é a prova que vale a pena ser “chato e criterioso” em relação a sua equipe, a equipamentos, condutas etc…

Qual a foi sua motivação para participar do filme “Boca do Lixo”?

A minha motivação é o Diretor Flávio Frederico, somos companheiros de vários curtas e respeito e admiro muito seu trabalho.

Como foi fazer este trabalho com Flávio Frederico?

Foi muito bom! O Flávio é um diretor/produtor que tem muito conhecimento de todo o processo, desde a pré até a finalização, é fácil discutir com ele aspectos conceituais e técnicos.

Quais equipamentos você usou? Por que os escolheu?

Captamos o “Boca” em Red, Buld 18, mas não foi uma escolha minha, o “Boca” é um BO e teve entre os patrocinadores a Cine Pro que entrou com o equipamento de Câmera. Acabei achando que seria um bom desafio mergulhar de vez na tecnologia Digital para Cinema.

Algum teste realizado previamente?

Houve muita insegurança na utilização da Red, pois se tratava de um dos primeiros longas a utilizar esse formato no Brasil, então sugeri captar testes reproduzindo as características do nosso conceito. Captamos cenas em interiores, exteriores, dia e noite, com atores brancos e negros, testando os figurinos de diversas cores. Editamos o material, marcamos cor, pintamos e assistimos em uma tela grande. Foi muito bom, pois chegamos a conclusões bem especificas em relação ao conceito e também no que obtínhamos um melhor resultado levando em consideração a captação digital.

Câmera na mão, movimentos com maquinaria?

Utilizamos um Ligeirinho e muita câmera na mão, o que foi um problema, pois a Red não é uma câmera adequada para câmera na mão.

Quais foram as maiores dificuldades de filmar o “Boca do Lixo”?

A maior dificuldade foi a falta de dinheiro, essa dificuldade estava presente em todos os departamentos. Deveríamos ter tido mais tempo de pesquisa, mais locações externas, mais tempo de filmagem, melhores figurinos, etc., etc…
E melhores salários, pois para viabilizar o “Boca” várias pessoas da equipe foram produtores associados.

Onde o filme foi rodado e em quantas semanas?

Em São Paulo e no centro antigo de Santos, em quatro semanas.

Alguma locação em destaque?

Utilizamos muitos sets no antigo Hotel Cambridge, simulando apartamentos, boates, bordéis, etc.

Como fez para nos enviar para década de 1960?

Falando só do aspecto fotográfico, pesquisei muitos filmes e principalmente livros de fotógrafos da época, um livro muito inspirador foi o “American Photographers of the fifties”, que inclusive serviu de referência para a marcação de cor.

Quem fez parte da equipe?

A equipe era composta por Junior, chefe eletricista e mais dois assistentes, Cabelo, maquinista e mais dois assistentes, Pimenta, ass. de câmera, Chile, 2º ass., Maira, vídeo assist e Camila Smolka, logger.

Há alguma curiosidade para contar das filmagens?

Muitas cenas foram feitas na raça, me lembro que filmamos uma sequência de madrugada dentro do fusca aonde o ator que dirigia não tinha carteira de motorista e o Daniel de Oliveira estava armado sem ter posse de arma e sem as devidas autorizações. Essas loucuras que acontecem!

E a pós-produção? Quem é o colorista? A exibição será em qual formato?

O Colorista foi o Serginho, da Casablanca, que foi um excelente colaborador. O formato final será em 35 mm 1:85.
Tabela
Janela: 1:85
Formatos utilizados na filmagem:
Câmeras utilizadas: Red One
Lentes utilizadas: Master Primes
Finalização: Módulos/Cinepro e Casablanca
Laboratório: Curt Alex

Quais são seus próximos projetos?

Este ano filmei “O Palhaço”, dirigido por Selton Mello, que deve estreiar no primeiro semestre do ano que vem. Acabei de filmar “Afinal o que querem as mulheres”, com direção de Luiz Fernando Carvalho, produzido pela TV Globo, que deve ir ao ar em novembro deste ano. No primeiro semestre de 2011 irei filmar “A cadeira do Pai”, direção de Luciano Moura e produção da O2 Filmes.

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