FELAFC: Fernanda Tanaka, ABC

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Fernanda Tanaka em mesa da Semana ABC 2018. Foto: Danielle de Noronha

Dando continuidade à série de entrevistas sobre as associações federadas à FELAFC (Federação Latino-americana de Autores de Fotografia Cinematográfica), entrevistamos a diretora de fotografia Fernanda Tanaka sobre a Associação Brasileira de Cinematografia (ABC).

Fundada em 2000, atualmente é presidida pelo diretor de fotografia Mustapha Barat e conta com 442 pessoas associadas.

Para começar, poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória no cinema e audiovisual?

Eu me formei em Cinema e Vídeo pela ECA-USP, em 1998, mas comecei a trabalhar como 2ª assistente de câmera mais ou menos em 1995 e não parei mais. Fui assistente de câmera por uns 16 anos, período em que trabalhei com renomados diretores de fotografia, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Fiz quase 40 longas-metragens, inúmeros comerciais e várias séries. Sou diretora de fotografia há mais de 10 anos, ganhei dois prêmios de melhor fotografia por dois curtas-metragens, e, além de fazer parte da diretoria da ABC – neste mandato como conselheira -, sou coordenadora do Conselho de Preservação e Restauro de Filmes no Comitê Técnico da IMAGO.

Quando você entrou para a ABC e o que a levou a tomar essa decisão?

Eu entrei pra ABC em 2003. Eu já era assistente do Lauro Escorel há alguns anos, e acompanhei a fundação da associação. Ajudei a distribuir cartazes e convites nas primeiras Semanas ABC, inclusive. Demorei um pouquinho pra entrar – pra ser franca, por pura timidez acho -, mas tinha compreendido a importância da associação tanto pro fortalecimento e agregação da nossa classe como pro amadurecimento profissional.

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Fernanda Tanaka no set do filme “Raquel 1:1”.

Para saber mais sobre a história da associação, qual foi o contexto de seu surgimento e quais são seus principais objetivos?

O embrião da associação data do final da década de 1970, acredito, quando alguns diretores de fotografia (obs.: não havia nenhuma mulher entre eles) se reuniram pra discutir sua criação. Mas a ABC foi efetivamente fundada somente em 2000, com a ideia de reunir profissionais do audiovisual brasileiro, tendo como um dos principais objetivos desenvolver e fortalecer a classe, aprimorando o seu desenvolvimento técnico e artístico. Educando, trocando informações, debatendo sobre as questões do meio, gerando uma cinematografia potente e criativa.

Em sua opinião, quais são as principais conquistas da ABC ao longo dos anos e o que ainda falta ser conquistado?

Acho que, passados mais de 20 anos, a ABC conquistou MUITO. Hoje somos em mais de 450 pessoas associadas, e esperamos crescer mais. Uma grande e excelente mudança foi o aumento de mulheres na associação. Mais diretoras de fotografia – raras no começo dos anos 2000 -, mais diretoras de arte, estudantes.

O novo estatuto, aprovado em 2021 depois de um trabalho hercúleo da diretoria e comissão de ética, trouxe também uma mais do que oportuna adequação aos novos tempos. Inclusão é uma palavra que o norteia, por exemplo. Acredito que esse aumento todo da representatividade na ABC tem sido um grande motor de mudança positiva pra um lugar efetivamente plural do cinema.

A ABC também tem se projetado mais internacionalmente, com o aumento da interação entre associações estrangeiras, como a ASC e outras que fazem parte da IMAGO, e com a FELAFC. O fato do nosso presidente atual, Mustapha Barat, ter sido eleito presidente da IMAGO também contribui muito, certamente.

Acho que falta ainda apagar uma imagem errônea de associação elitista que algumas pessoas têm.

A associação conquistou um “peso” no meio cinematográfico, e certamente é referência de excelência para a comunidade.

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Diretora de fotografia Fernanda Tanaka representa a ABC no 9° Congresso Brasileiro de Cinema e Audiovisual (CBCa). Foto: Michele Moreira

Que mudanças ocorreram no cinema brasileiro nesses anos e qual foi a contribuição da associação para essas mudanças?

O cinema brasileiro dos anos 2000 vivia o momento pós-Collor, que arrasou o setor, mas seguiu-se um boom maravilhoso de filmes, muitas e variadas produções. Além disso, a publicidade também produzia bastante – não só a quantidade era grande, mas os orçamentos também.     A ABC, ao reunir os profissionais do cinema, contribuiu na troca de informações, e gerou fortalecimento da classe, e consequentemente, do cinema como um todo.

Quais são as principais atividades e propostas realizadas atualmente pela ABC?

Nossa principal atividade hoje é a Semana ABC, que ocorre anualmente e traz mesas de debate e apresentações, além de uma feira com os equipamentos mais modernos. No final da Semana, temos a festa do Prêmio ABC, quando são premiados longas e curtas, filmes publicitários e estudantis, videoclipes e séries de TV do ano anterior, através da votação das pessoas sócias. É um grande evento, bastante prestigiado pela comunidade cinematográfica. Além de outros eventos, como a Sessão ABC.

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As diretoras de fotografia Maryse Alberti e Fernanda Tanaka na Semana ABC 2023. Foto: Danielle de Noronha

Pensando novamente na diversidade, como a participação de mais mulheres, qual é o trabalho da associação nesse sentido?

Como mencionei anteriormente, o novo estatuto e regimento interno, que foram reformados durante a gestão de Tide Borges (palmas pra ela!) trouxeram, entre várias outras importantes, uma palavra de ordem: inclusão. Hoje temos, por exemplo, a opção de desconto de 50% na taxa associativa por três anos pra grupos minoritários – mulheres, pessoas trans, negras, indígenas e com deficiência.

A Diretoria Executiva deverá buscar a paridade de gêneros, raça e cor. E as mulheres do Conselho que tenham direito de uso da sigla ABC fazem parte também do Conselho de Ética, até que se alcance a paridade de gêneros.

São avanços que deixam a ABC atualizada e sincronizada com o mundo que as pessoas querem: mais diverso e unido.

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2ª Assembleia da FELAFC na Semana ABC 2017

Em relação à FELAFC, como você vê a criação da federação, o trabalho da ABC para sua consolidação e qual é a sua importância para aproximar o cinema da América Latina?

A criação da FELAFC foi um importante e excelente passo na união e fortalecimento das cinematografias latino-americanas. E essa união favorece o nosso posicionamento no cinema mundial. Acho que a ABC tem trabalhado bastante pra isso – Llano empenha-se ao máximo neste momento em que funcionamos como secretaria-geral da FELAFC. Ano passado, durante a Semana ABC, iniciaram um projeto de formação profissional gratuita, com master classes online. Apesar da diferença da língua, o cinema da América Latina tem o poder de se unir, pra se tornar mais visível e apreciado, como merece!

O que você espera do futuro da ABC e da FELAFC?

Espero que se estreitem mais e mais os laços entre a ABC e a FELAFC, porque dessa união só podemos esperar o engrandecimento dos nossos cinemas e a valorização das nossas culturas tão ricas.

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