Guy Gonçalves, ABC: “Minha Fama de Mau”

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Por Danielle de Noronha

Na Tijuca dos anos 1960 o jovem Erasmo Carlos alimenta uma paixão: o rock and roll. Fã de Elvis, Bill Haley e Chuck Berry, ele aprende a tocar violão enquanto vive de sonhos, bicos e pequenas delinquências. Sua fama de roqueiro atrai Roberto Carlos, e logo se tornam parceiros e amigos. Um mega sucesso chega com a Jovem Guarda, programa de televisão onde Roberto, Erasmo e Wanderlea são a atração principal.

Com direção de Lui Farias, Minha Fama de Mau é um mergulho emocionante na música e na vida de Erasmo Carlos que, com cabeça de homem e coração de menino, se tornou o Tremendão, símbolo vivo do rock nacional. O filme entra em cartaz no dia 14 de fevereiro.

Entrevistamos o diretor de fotografia Guy Gonçalves sobre o trabalho no filme.

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Guy Gonçalves no set de Minha Fama de Mau

Como foram as primeiras reuniões com a direção e direção de arte para pensar o filme e como foi o trabalho entre as equipes?

Bem, pesquisamos os anos 1970, a TV que era p&B ganhou cores. Os anos 70 também foram muito ricos em termos de arte & figurino e a minha memória reportava às cores, primárias, vivas, referência no cinema, do Technicolor. As equipes estavam juntas elaborando o conceito junto com o Diretor e desenvolvendo cada qual seu trabalho e discutindo referências.

Quais as inspirações e onde buscaram referências para compor a fotografia do filme?

Primeiro é o roteiro. De um modo geral se lermos com atenção, dentro do roteiro e das conversas com o diretor está a Luz, a Fotografia do filme.

Trocamos ideias e referências, com a Direção, Arte, Figurino, revi alguns filmes, mas desde o início imaginei uma palheta de cores menos saturada no início da trajetória do Erasmo, antes do sucesso, que depois, na sua trajetória artística, ia ganhando saturação e contrastes, seguindo o pop rock brasileiro.

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O livro do Erasmo Carlos serviu também como referência?

O livro, sem dúvida serviu como referência, mas muito mais ao roteiro que ao departamento de fotografia.

Quais câmeras e lentes foram utilizadas no projeto e por que elas foram escolhidas?

A câmera escolhida foi uma Arri Alexa  Plus e as lentes fixas foram Zeiss Ultra Primes e tive também  uma zoom Angenieux Optimo, mas usada com muita parcimônia.

Gosto da combinação de qualidade da Arri Alexa com as lentes Zeiss e as ultra primes, no caso, é a série com maior variedade de focais fixas, o que é importante quando filmamos em locações.

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Foram realizados testes prévios? 

Os testes são sempre procedimentos fundamentais na preparação de um longa, principalmente para a parte técnica, o caminho a ser percorrido desde à captação da imagem até a cópia final.

Desta forma, fotografei e filmei na preparação, procurando caminhos que me levassem ao look desejado e fui a um laboratório de finalização marcar a luz do material e dar opções de textura e cores distintas às fases do filme e mostrar e discutir com o Diretor e também com Arte & Figurino.

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O filme começa na década de 1960. Como a fotografia atuou para levar a narrativa do filme para aquele passado?

O filme percorre dos anos 60 aos 70 e segue de um período menos estilizado, mais naturalista, cores menos saturadas e menor contraste, até o mundo pop destravar as amarras do artista Erasmo Carlos e fazer a imagem acompanhar o crescimento da visibilidade com cores mais saturadas e contrastes maiores.

O roteiro nos traz a trajetória do Erasmo (Esteves), nos anos 60, morador da Tijuca, um jovem comum, e a minha ideia era apresentar o personagem, aproximar o espectador do personagem, da história.

Aqui a luz estabelecida foi naturalista, menos contraste, a câmera mais próxima do personagem, quase sempre livre, na mão, criando uma empatia e tornando familiar aquele contexto. A medida que o Erasmo (Carlos) se configura, o contexto vai mudando aos poucos e evoluindo para cores mais saturadas, maior contraste e uma câmera com movimentação mais elaborada.

Por se tratar da cinebiografia de um cantor, qual foi a relação da equipe de fotografia com as equipes de trilha sonora e áudio?

Posso falar por mim, que era adolescente nos anos 70, e lembrava bem de todas as canções. Acho que a memória sonora caminha junto e mesmo desperta a memória visual. Estive presente numa gravação num estúdio de som, antes das filmagens, e pude assistir ao Chay (Erasmo) e a Malu Rodrigues (Wanderléia) cantando juntos e pude sentir quão estimulante e incrível seria recriar aquele clima no filme.

Como foi o processo de escolha das locações?

A escolha das locações não foi muito diferente de outros longas. Sem dúvida, era necessário muito critério na escolha por ser um filme de época, mas os departamentos de arte, direção e fotografia estavam em harmonia e decidindo juntos. A casa de cômodos, onde Erasmo vivia antes da fama, era um casarão em Santa Teresa, incrível. A decisão de filmar em locações e não num estúdio, no caso, ajudou muito na narrativa visual e na reconstrução do clima da dramaturgia. Nada contra recriar cenários em estúdio, no entanto, as locações têm história e imprimem uma verdade distinta.

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Qual foi o workflow de pós e a sua participação nele?

Como diretor de fotografia sempre acredito que nosso trabalho só termina quando vejo a projeção do filme, ou seja, acredito que acompanhar todo o processo é fundamental.

A Quanta Post, com a supervisão do Gui Ramalho, foi o nosso parceiro com um trabalho excelente. Tivemos também que realizar alguns efeitos visuais que foram executados técnica e artisticamente com primor.

O marcador de luz foi o Serginho, em que a experiência e o bom entendimento tornaram o trabalho mais fácil e obtive o resultado que procurei desde a preparação do filme.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Obrigado. Viva a ABC!

Ficha Técnica
Direção: Lui Farias
Coprodução: Indiana Produções e Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes e Paris Filmes
Roteiro: L.G. Bayão, Lui Farias e Letícia Mey
Produção Associada: Léo Esteves
Produção Executiva: Telmo Maia
Direção de Fotografia: Guy Gonçalves, ABC
Direção de Arte: Tiago Marques
Direção de Produção: Patrícia Zerbinato
Montagem: Natara Ney
Produção Musical: Max Pierre
Produção de Elenco: Marcela Altberg
Direção de Produção: Patrícia Zerbinato
Figurino: Valéria Stefani
Maquiagem: Auri Alex
Assistente de Direção: Gigi Soares
Som Direto: Frederico Massine
Edição de Som: Tomás Alem e Bernardo Uzeda
Mixagem: Rodrigo Noronha
Supervisão de Finalização: Juca Diaz e Gabriela Ruffino
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