Carlos Zalasik: “Sequestro Relâmpago”

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Por Danielle de Noronha

No dia 22 de novembro, estreou nas salas de cinema o filme Sequestro Relâmpago com direção de Tata Amaral.

No longa, Isabel sai de um bar em um bairro boêmio. Quando se aproxima de seu carro, é abordada por Matheus, 34, e Japonês, 21, que a forçam a entrar. Matheus e Japonês não são amigos. Estão juntos apenas para fazer uma série de sequestros naquela noite. Isabel é a primeira vítima. Eles estão nervosos e Isabel também. O primeiro caixa eletrônico para onde se dirigem está quebrado. São quase 22h. Os dois rapazes percebem que não conseguirão chegar ao próximo caixa e decidem manter Isabel como refém até que os caixas voltem a funcionar pela manhã. Os três passam a noite dirigindo de um lado para o outro de São Paulo, a maior parte do tempo em avenidas e bairros às margens da cidade para ganhar tempo e decidir o que fazer com Isabel. Refém em seu próprio carro, Isabel terá que negociar sua vida com Matheus e Japonês durante toda a noite.

Entrevistamos o diretor de fotografia Carlos Zalasik, que conta sobre o trabalho na obra.

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O diretor de fotografia Carlos Zalasik

Sequestro Relâmpago trata de uma questão que infelizmente está cada vez mais comum, principalmente nas grandes cidades como São Paulo. Inclusive é baseado numa história real. Quais foram as suas primeiras impressões ao ler o roteiro e quais foram suas influências para pensar a fotografia do filme?

Minha primeira impressão foi que não deveríamos ficar embelezando uma história tão dura como essa, o desafio era ser o mais real possível. Na primeira conversa com a Tata nós achamos que as pessoas deveriam sentir na pele o sequestro, lentes próximas dos atores e câmera na mão. Bem documental mesmo!

Quais câmeras e lentes foram utilizadas e por quê elas foram escolhidas?

Arri AMIRA como câmera principal e uma Sony A7s 2 para câmeras na mão e interior do carro. E jogo de lentes prime Canon Cn-e 1.3 + zoom 24-290 angenieux. O Ely Silva, colorista da Dots me ajudou muito para ajustar o balance das duas (ele fez a diferença)!

Grande parte do filme acontece dentro de um carro. Como foram filmadas essas cenas? Quais estratégias e quais as principais dificuldades?

Quando começamos a discutir como faríamos o filme uma das questões foi qual carro deveria ser usado e chegamos a conclusão de que um SUV seria ideal, pois nas tomadas no interior dele seriam necessários 6 lugares, 3 atores, mais o operador de câmera, um técnico de som e a diretora, além disso seriam necessários 2 carros iguais para agilizar a filmagem, porque enquanto um carro está encima da prancha ou gripado, o outro está sempre livre para ser filmado na mesma locação, com isto se ganha um tempo precioso na filmagem.

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Foto: Cadu Silva

Como foi pensado o trajeto que o carro percorreria e qual a importância da cidade de São Paulo para a narrativa e fotografia do filme?

A ideia inicial da Tata era fazer um trajeto real. Como na história eles passam a noite andando pela cidade, ela fez questão de descrever bem o bairro – centro e centro – bairro, com as travessias das pontes sobre os rios Tietê e Pinheiros, além disto existe uma diferença na cor das luzes da cidade, nas ruas e avenidas mais novas hoje se têm a presença de postes luz de LED, com sua luz branca, e nos lugares mais antigos, como o centro, temos a presença da luz amarelada (lâmpadas de vapor de sódio), esses tons são bem presentes no filme.

E como foi trabalhada a luz do filme, já que maior parte da história também acontece no exterior e em noturna?

Realista, documental e uma mínima intervenção com refletores (luz artificial). Fomos no limite da exposição para interferir minimamente na realidade, lentes 1.3 e muita câmera na mão.

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Poderia nos contar um pouco sobre a parceria da equipe de fotografia com as equipes de arte e som?

Eu pessoalmente acho que a fotografia faz parte do departamento de arte. Eu não conhecia a Vera Hamburger, diretora de arte, até a pré-produção e foi um encontro delicioso. O carro, o figurino, as locações, como vamos captar as imagens, tudo de certa forma faz parte da arte. A Vera é amiga da Tata e muito aberta para o que você pode trazer para acrescentar. Então, foi uma grande diversão os encontros para discutir locações, cor do carro, etc. Foram regados de muita empatia e rizada! Quanto ao som, só posso dizer que um filme é 50% imagem e 50% som, assim tivemos muita sorte dele ser captado pelo mestre João Godoy, um gigante que fez questão de ir espremido no porta malas do carro todas as vezes que fizemos as tomadas interiores!

E como foi trabalhar com a Tata Amaral?

Tata Amaral é uma diretora que agrega o que você pode trazer de melhor para o filme, além de saber muito bem o que faz e o que quer, também soube tirar do pouco que tínhamos o melhor, principalmente com atores novatos no cinema. Uma guerreira e muito engajada nas causas sociais, hoje uma amiga que fiz nesta produção.

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Tata Amaral e Sidney Santiago. Foto: Cadu Silva

Como foi o workflow de pós e qual sua participação nele?

O filme foi todo captado em 4k e a pós-produção foi toda feita na Dots. Hoje os filmes estão totalmente integrados com o 3D ou efeitos visuais, sempre tem que apagar uma placa de carro ou sei lá o que. Fora isso, tenho um grande amigo colorista que é o Ely, este sempre animado e disposto a avaliar aquela infinidade de testes que fazemos sempre no começo de cada produção. Obrigado Dots (Magali, Chiquinho e Eli).

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Gostaria de agradecer a toda equipe do filme, do escritório aos técnicos, este filme foi um pouco mais difícil pelo fato de termos filmado 3 semanas de noturnas e em dias bem frios de São Paulo. Obrigado ao meu gafer, meu maquinista, toda minha equipe de câmera e aos assistentes de direção, obrigado também ao Staley do Stuntcar (Prancha), por além de ser uma figura ímpar no nosso cinema, é um ser humano formidável, enfim agradeço à Tata Amaral e Rafaella Costa.

Ficha Técnica
Direção: Tata Amaral
Roteiro: Marton Olympio, Henrique Pinto & Tata Amaral
Consultoria de Roteiro: Fernando Bonassi & Renata Corrêa
Supervisão de roteiro: George Moura
Inspirado na história real de: Ana Beatriz Elorza
Produzido por: Tata Amaral & Rafaella Costa
Produção Executiva: Rafaella Costa
Produtor Associado: Guel Arraes
Produção de Elenco: Luciano Baldan
Preparação de Elenco: Fátima Toledo
Som Direto: João Godoy, ABC
Desenho de som e mixagem: Pedro Noizyman
Música: André Whoong
Montagem: Rodrigo Menecucci
Direção de arte: Vera Hamburger, ABC
Direção de Fotografia: Carlos Zalasik
Coordenação de Produção: Stella Rainer
Coprodução: Globo Filmes & Canal Brasil
Uma produção: Tangerina Entretenimento & Manjericão Filmes
Elenco: Marina Ruy Barbosa, Daniel Rocha e Sidney Santiago Kuanza
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