Mostra de Eliane Caffé no Sesc Consolação: um retrato das complexidades do Brasil contemporâneo

Eliana Portal

A renomada cineasta Eliane Caffé comanda a pequena Mostra Cinema em Zonas de Conflito“, uma programação cinematográfica que mergulha nas complexidades do Brasil contemporâneo. A mostra apresentará sessões gratuitas de quatro filmes emblemáticos de Caffé, seguidas por bate-papos com a diretora e artistas que contribuíram para suas obras: Carla Caffé, Gero Camilo, Vera Hamburguer, Preta Ferreira e Ave Terrena. A programação acontecerá entre os dias 3 e 24 de abril, todas as quartas, às 19h, no Espaço Provisório do Sesc Consolação

Para a diretora Eliane Caffé, a importância dessa pequena mostra que o Sesc realiza com a exibição de alguns de seus trabalhos é poder oferecer um olhar sobre a sua criação e compartilhar um pouco do processo de produzir obras tão diferentes em regiões tão distintas do Brasil. “E a gente convidou pessoas que trabalharam na equipe pra se juntar também nesse relato e criar uma roda de conversa em que possamos trocar essas experiências com o público”, comenta ela. Além disso, é uma oportunidade de conversar sobre o panorama do cinema nacional e uma outra chance de assistir ao filme “Para Onde Voam as Feiticeiras”que ficou pouco tempo em cartaz. 

“Narradores de Javé” (3/4) inaugura a mostra, oferecendo uma reflexão sobre a preservação da identidade de uma comunidade ameaçada. Na sequência, “Kenoma” (10/4) mergulha na busca pela inovação em um contexto rural e tradicional. 

“Era o Hotel Cambridge” (17/4) traz à tona as complexidades da vida de pessoas em situação de refúgio e do movimento por moradia em São Paulo. “Creio que este filme mudou a sociedade brasileira, aproximando a sociedade civil dos movimentos sociais, quebrando, sim, os preconceitos contra a classe trabalhadora”, ressalta Preta Ferreira, que atuou no filme, ao refletir sobre o impacto desta obra. 

E “Para Onde Voam as Feiticeiras” (24/4) revela as interseções de preconceitos de gênero e raça nas ruas da metrópole. “Mas, especificamente falando, a afirmação das identidades trans e travestis, como pessoas que têm direitos, como pessoas que fazem parte desse país, dessa democracia, e que não são cidadãs de segunda classe, e que reivindicam poder contar a própria história por si”, expõe Ava Terrena, que também atuou neste filme. 

Ao longo de sua trajetória, a diretora Eliane Caffé vem construindo temáticas e abordagens cada vez mais implicadas com a exploração da linguagem audiovisual em “zonas de conflitos reais” – tanto no contexto rural do Brasil como nos grandes centros urbanos. Daí, a inspiração para o título da mostra do filme, refletindo sua constante busca por essas narrativas provocativas.

Em seus trabalhos é visível a experimentação com narrativas que interagem com personagens reais e agrega repertórios de seus universos de vida como coletivos com voz própria. Mais do que personagens e cenários, esses coletivos atuam em pé de igualdade com a equipe técnica do filme em todo o percurso da realização da obra. Atualmente, Caffé está voltada para consolidar a prática de pensar e produzir um cinema “polifônico”, “dialógico” e que se estenda muito além dos sets de gravações.

Para participar da Mostra, o público poderá retirar os ingressos com uma hora de antecedência. O espaço está sujeito à lotação.

Conheça a programação completa: https://www.sescsp.org.br/cinema-em-zonas-de-conflito-mostra-de-filmes-eliane-caffe/

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