Luiz Maximiano: “Milton e o Clube da Esquina’

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Por Danielle de Noronha

Hoje, 31 de janeiro, estreia no Canal Brasil a série ‘Milton e o Clube da Esquina’. Com produção da Gullane e direção assinada por Vitor Mafra, a série lembra a formação do Clube da Esquina, um dos mais importantes fenômenos musicais da nossa história, e traz novas versões para clássicos eternizados pelo grupo. Os episódios trazem histórias de bastidores, fotos raras do acervo dos artistas e a biografia de Milton Nascimento e Lô Borges. Gabriel Leone conduz as entrevistas com os artistas e convidados especiais, como Ney Matogrosso, Samuel Rosa, Seu Jorge, Criolo, Iza, Maria Gadu e Gal Costa. Cada memória traz uma preciosidade da esquina mais genial da música brasileira.

Na bucólica paisagem do grandioso estúdio isolado nas montanhas mineiras, Milton e a banda se reúnem para criar versões inéditas de clássicos como “Clube da Esquina Nº 2”, “Maria, Maria”, “Travessia”, “O Trem Azul”,” Cravo e Canela” e “Nada Será como Antes”. Cada convidado lembra sua relação com o Clube da Esquina, suas influências e trazem novos timbres a músicas eternas.

Criado no início da década de 1970, O Clube da Esquina é lembrado até hoje, mesmo com uma discografia de apenas dois álbuns, como um dos grupos mais revolucionários da história da música brasileira. A banda, por onde passaram Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Tavito, Wagner Tiso, entre outros, compôs canções eternizadas na memória nacional com uma mistura de MPB, bossa nova, rock e jazz de sonoridade única.

A série é dividida em seis episódios que vão ao ar às sextas, 22h, com reprises nos sábados, às 13h; domingos, às 2h e às 9h; e segundas, à 0h15. Conversamos com o diretor de fotografia Luiz Maximiano sobre o trabalho na série.

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Como foi o processo de filmagem da série Milton e o Clube da Esquina?

Eu havia trabalhado com o diretor Vitor Mafra na série “Marias” e fiquei muito feliz por ter sido convidado a colaborar novamente com ele quando esse projeto foi aprovado. Desde o início, o desafio era capturar ao máximo a sinergia e espontaneidade dos músicos em estúdio e tentar algo que fosse o menos engessado possível, com o mínimo de interferência das câmeras. O estúdio onde a série foi gravada é praticamente um personagem por si só e nós tínhamos que contar isso visualmente também. Tem janelas enormes com uma vista arrebatadora de morros e um vale lindo, tão presente na geografia de Minas Gerais. A exposição ali seria um desafio já que tinha entrada direta do sol por grande parte do dia. Fizemos um grid no teto e colocamos vários painéis de LED para ajudar a equilibrar nossa luz ambiente com o que estava lá fora. O principal pedido do Vitor foi que as janelas não “estourassem” pois aquela paisagem era importante para essa história. Além disso, tínhamos um espaço bastante limitado para colocar tripés de luz ali, junto com os músicos.

Em quantas semanas a série foi filmada e como estava dividida a equipe de câmera?

Foram 10 dias. Fomos quatro operadores de câmera: Tiago Lage, Felipe Guri, Lucas Tião e eu. Tiago também ficava responsável por passear com a câmera buscando momentos espontâneos fora do estúdio. Fora eu e Tiago, toda a equipe de som, câmera e elétrica foi de Belo Horizonte.

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Quais câmeras e lentes foram utilizadas e por que elas foram escolhidas?

Foram quatro câmeras Black Magic Ursa Mini Pro 4.6K, rodando em 23,978fps, 1080p e Prores 444. As lentes foram diversas Canon EF. Câmeras sempre na mão e rodando simultaneamente durante a execução das músicas no estúdio. Gosto demais da Ursa Mini Pro 4.6K. Acho uma câmera bastante flexível de se trabalhar e a qualidade de imagem é excelente, com tons de pele suaves e realistas, especialmente no Prores 444. Durante as entrevistas, duas câmeras apenas. Utilizamos um drone DJI Phantom 4 Pro, operado por Juliano Mundim, também para tomadas aéreas do entorno do estúdio, que é muito bonito.

Em uma entrevista, o diretor Vitor Mafra diz que o formato da série é completamente musical, como se fosse um making of da regravação das músicas. Para a fotografia, quais são as particularidades e desafios de um projeto musical como este?

O desafio é colocar quatro câmeras dentro daquele estúdio com mais uma dezena de músicos e fazer com que as câmeras não distraiam nem os músicos, nem a audiência, e ainda assim conseguir capturar a energia, naturalidade e espontaneidade de um set ao vivo como este. A pior coisa seria ter que parar toda a hora e refazer apenas para as câmeras. Acho que conseguimos um excelente resultado que vai agradar bastante aos fãs do Milton.

Quais foram suas inspirações e influências para pensar a fotografia do projeto?

Sou muito fã de documentários musicais e procurei rever alguns que me marcaram recentemente: Muscle Shoals, Stones in Exile, Sound City e It Might Get Loud. Nossa ideia era capturar ao Maximo a sinergia e espontaneidade dos músicos em estúdio.

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Como foi o diálogo da equipe de fotografia com a direção e equipe de som?

Foi muito eficiente, nos entendemos muito bem e logo nas primeiras musicas já entendemos nosso espaço. Nos comunicávamos através de rádio, mas é claro que durante a execução das músicas era só pelo olhar mesmo.

Poderia contar um pouco sobre o como foram os encontros musicais que aconteceram durante a gravação da série e de como foi trabalhar com Milton Nascimento?

Milton Nascimento é um personagem fantástico da nossa música e história, além de uma pessoa muito querida. Super profissional, mas também muito atencioso com todos. O Milton tem uma história muito conectada ao cinema também, então eu sentia que ele estava muito à vontade ali com todas as câmeras e luzes. Pra mim o momento mais marcante foi na gravação da primeira música, no primeiro dia de gravação. Estávamos um pouco tensos e nervosos quando ele entrou, mas quando os versos de “Nos bailes da vida” preencheram o estúdio, justo esta canção que considero um hino a todas as artes e à profissão de artista, com aquela voz tão marcante, todos se emocionaram: nós, os músicos, o pessoal na mesa. Foi um momento único e inesquecível.

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Qual foi sua participação no workflow de pós e como ele se desenvolveu?

Participei das reuniões iniciais para definir o look do primeiro episódio que seria seguido até o fim.

Ficha Técnica:
Direção: Vitor Mafra
Argumento: Fabiano Gullane
Roteiro: Danilo Gullane, Marcelo Dantas e Vitor Mafra
Direção Musical: BiD
Produção: Caio Gullane e Fabiano Gullane
Direção de Fotografia: Luiz Maximiano
Operadores de Câmera: Tiago Lage, Lucas Tião, Felipe Andrade “Guri” e Luiz Maximiano
Operador de Drone: Juliano Mundim
Eletricistas: Elcimar Souza, William Zoi e Anderson “Xícara” Garcia
Logger: Ceres Canedo
Assistentes de Câmera: Diogo Lisboa e Fernanda Sena
Som Direto: Gustavo Fioravante
Montagem: André Finotti
Supervisão de Pós: Patrícia Nelly
Crédito das fotos: Diego Ruahn
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